Por Camila Cechinel 

O produtor Gabriel Alves Nunes, campeão do concurso Cup of Excellence - Brazil 2017 na categoria Pulped Naturals, bateu o recorde mundial no leilão dos vencedores: seu café, produzido na Fazenda Bom Jardim, em Patrocínio (MG), na Denominação de Origem do Cerrado Mineiro, recebeu o lance de US$ 130,20 por libra peso, o que equivale a mais de US$ 17,2 mil por saca de 60 kg, ou aproximadamente R$ 55,5 mil por saca. 


                                                    Foto: Divulgação

Segundo informações da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), instituição responsável pela realização do concurso, o café campeão foi dividido em dois lotes: o primeiro recebeu o lance de US$ 130,20 por libra peso, valor que corresponde a aproximadamente R$ 55.457,60 (US$ 17.222,86) por saca de 60 kg, e o segundo foi negociado por US$ 120 por libra peso, ou R$ 51.116,17 (US$ 15.873,60) por saca. As empresas que adquiriram o produto foram: Maruyama Coffee (Japão), Sarutahiko Coffee (Japão) e Campos Coffee (Austrália). 

Para Nunes, o resultado do leilão é motivo de extrema satisfação e orgulho, uma vez que seu café bourbon é cultivado a 935 metros de altitude, enquanto outros países produzem a uma altura muito mais elevada, o que propiciava, até então, uma certa vantagem na obtenção da qualidade: "nosso café demonstrou que se pode buscar excelência dentro dessas características. Pela primeira vez a região do Cerrado Mineiro vence o concurso e bate recorde mundial". 

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Responsáveis por premiar os cafeicultores que investem nas lavouras e se dedicam para oferecer aos compradores uma bebida considerada superior, os Concursos de Qualidade de Café têm papel indispensável na educação dos produtores, que para conseguirem uma boa colocação na disputa precisam obedecer uma série de procedimentos, além de conhecerem sobre a bebida e desenvolverem classificadores que provem do café, para indicar se está bom ou se precisa ser melhorado.

O produtor vencedor do Cup of Excellence - Brazil 2017 tem total consciência que investir em qualidade é recompensador: "meu pai mexe com café há 30 anos e passei a mexer há quatro. Desde que voltei à fazenda procurei investir em estrutura e melhoramentos, sempre buscando qualidade, pois sabemos que o café está no mesmo caminho do vinho, com os consumidores cada vez mais exigentes", diz Nunes. 

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Com vistas na mudança de cenário por parte dos consumidores, o cafeicultor investiu em capacitação da equipe da propriedade para modificar a forma de produzir os cafés, almejando agradar aos compradores finais. Ele destaca, ainda, que o prêmio do leilão será quase que integralmente investido na fazenda, buscando preservar cada vez mais o meio ambiente e visando qualificar ainda mais os funcionários.

"Estamos em constante busca de termos sustentabilidade ambiental e social para alcançarmos nosso reconhecimento econômico na comercialização. Temos funcionários dedicados, que tratam com carinho cada lote na fazenda.  Há três anos estamos evoluindo e chegamos ao resultado, evidenciando todo o cuidado desde a produção até a pós-colheita. Obtivemos valores superiores aos cafés de altitudes mais elevadas, que possuem qualidade excepcional pelas questões fisiológicas envolvidas", analisou Nunes. 

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Lotes ofertados no leilão

Ao final dos negócios, todos os cafés produzidos por via úmida (cerejas descascados e/ou despolpados) ofertados no concurso foram negociados com ágio em relação ao preço de abertura e registraram a movimentação financeira total de R$ 1.151.092,11 (US$ 357.459,82). O lance médio também foi recorde no Brasil, a US$ 12,75 por libra peso, o que equivale a R$ 5.431,09 (US$ 1.686,57) por saca.

Empresas da Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, Bulgária, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Inglaterra, Japão, Nova Zelândia e Taiwan compraram os lotes de mercados tradicionais e emergentes no consumo de café, resultado extraordinário para o esforço que o Brasil e os seus produtores têm feito,  visando à melhoria da qualidade. 

Para o campeão do concurso Cup of Excellence - Brazil 2017 na categoria Pulped Naturals, as ações desenvolvidas pela BSCA são fundamentais para a qualificação dos cafeicultores no Brasil e vêm ao encontro da excelência na produção de grãos especiais.

“Fiz um curso de processamento de colheita e farei o curso de Q-Grader da BSCA e do Coffee Quality Institute (CQI) para me aprimorar e ter base para buscar a excelência em todo o processo produtivo, respeitando todos os critérios sustentáveis. Aplicamos esse conhecimento no café que venceu este ano e, agora, colhemos mais esse fruto", celebra.