Após recorrente demanda por abertura à importação de café articulada pela indústria nacional, representantes do setor produtivo se reuniram nesta terça-feira (13/12) com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller. O presidente Executivo do CNC, deputado Silas Brasileiro e o presidente da Comissão Nacional do Café da CNA, Breno Mesquita entregaram ao secretário um ofício posicionando-se contra a importação de café verde.
“Pela situação atual do Brasil, pelo alarmante desemprego que já atinge 12 milhões de pessoas em todo o país, entendemos que seria irresponsabilidade do governo colocar em risco um setor gerador de emprego e renda para o Brasil”, diz o presidente das comissões Nacional e Estadual do Café da CNA e FAEMG, Breno Mesquita. Preocupados com a possível abertura de mercado, produtores também se organizam para um encontro em Varginha, no Sul de Minas, para a próxima semana, dia 19 de dezembro. O encontro será realizado no Centro do Comércio de Café do Estado de Minas Gerais.
Breno Mesquita é presidente das comissões Nacional e Estadual do Café, da CNA e FAEMG
No entanto, apesar da reunião com o setor produtivo, em reportagem publicada pelo Jornal Valor Econômico nesta quarta-feira (14/12), Neri Geller teria confirmado que o Mapa vai aprovar a importação e afirmado que o “as importações de grão verde devem ser temporárias e envolver volume limitado de café”.
Frente à publicação, o deputado federal Evair de Melo (PV-ES), que também teria participado da reunião, lançou nota de repúdio. “Repudia-se, qualquer tentativa de liberar a importação de café de forma injustificada. Uma decisão como esta pode impactar de forma negativa na renda de cerca de 300 mil produtores, que estão distribuídos em 1.468 municípios e são responsáveis pela geração de 8,4 milhões de empregos e de quase US$ 7 bilhões de divisas ao País”, pontua o texto divulgado nesta tarde de quarta-feira.
No ofício entregue pela CNA e CNC, o posicionamento contrário à importação de café em grão cru pelo Brasil, foi referendado pelas cooperativas produtoras de café e pelas federações de agricultura dos estados cafeicultores, em reuniões do Conselho Diretor do CNC e da Comissão Nacional de Café da CNA, respectivamente, em 21 e 23 de novembro de 2016.
Segundo o ofício, nessas duas reuniões, o deputado Federal Evair de Melo (PV/ES) apresentou levantamento feito em relação aos estoques de café conilon do estado do Espírito Santo. Os dados apontam que ainda há café disponível no mercado nacional, contrariando argumentos da indústria para requisitar a importação.
“O resultado do trabalho de levantamento de estoques de café conilon que realizou no estado capixaba, na semana de 14 a 18 de novembro de 2016, quando visitou mais de 20 armazéns, cooperativas, indústrias e exportadores. O resultado de seu trabalho apontou que existe café conilon em quantidade suficiente para atender a demanda da indústria nacional. Historicamente, os estoques da Cooabriel representam 10% do café estocado no Espírito Santo. Hoje, a Cooabriel possui 490 mil sacas de estoque físico em seus armazéns. Assim, os estoques capixabas situam-se no intervalo de 4 a 5,5 milhões de sacas de café”, afirma o texto entregue a Neri Geller.
“Como esses cafeicultores poderão investir com segurança, tendo a ameaça de entrada de grãos importados no mercado nacional, uma estratégia que poderá ser usada para aviltar os preços ao produtor no futuro?”, questiona, ainda, o texto. Entre os argumentos contrários à exportação, está a concorrência com países que não seguem leis trabalhistas e ambientais tão rigorosas quanto às brasileiras. “As certificadoras internacionais ignoram essa realidade diferenciada e assim um Vietnã, segundo maior produtor mundial de café, Indonésia, Colômbia, os Países produtores da América Central e da África, que não possuem nossa complexa legislação ambiental e social, ou seja, nenhuma legislação têm seus produtos verificados dentro do conceito de suas leis, sendo, portanto, concorrentes do Brasil com custos infinitamente menores”.
Ainda hoje a CNA informou que a posição será levada pelos representantes das duas entidades e do CNC (Conselho Nacional do Café) ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Blairo Maggi, na próxima quarta-feira, 21, em Brasília.
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