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Sem fechar negócios produtores e indústria tem primeira experiência com leilões de conilon

POR EQUIPE CAFÉPOINT

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 23/03/2017

4 MIN DE LEITURA

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Por Thais Fernandes

A semana foi de novidades para o setor de café conilon brasileiro. Esse é o ponto que ressaltam ambos os lados: indústria e produtores e bancada ruralista. O resultado das primeiras experiências com leilão do grão, em editais lançados pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), no entanto, não foi de concordância e fechou sem nenhum negócio concluído.

Foto: Guilherme Gomes/ Café Editora
Foto: Guilherme Gomes/ Café Editora

De início, dos oito editais publicados três foram cancelados. Os cinco colocados em prática nesta quarta-feira (22/3) abriram negociação para quatro tipos do café conilon: tipo 7, tipo 7/8, entre 400 - 600 defeitos e até 800 defeitos. Nenhum deles conseguiu finalizar a venda de qualquer uma das 213,5 mil sacas de 60 kg do café pretendidas.

O VALOR
Segundo a Abics, foram 14 bolsas acompanhando a movimentação dos lances. “Algumas cotações dos padrões, o tipo 7 por exemplo, se você pegar as cotações de Cooabriel e Centro de Comércio do Café de Vitória (CCCV) – vai ser que preço de mercado médio ficou em R$445. E o preço ofertado no leilão chegou R$472”, pontua Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Abics.

O valor, no entanto, não foi suficiente para convencer produtores e corretores. “A gente estava cadastrado, querendo participar. Só que os preços que eles colocaram para nós estavam inviáveis”, afirmou ao CaféPoint uma fonte do setor produtivo. A questão se concentrou os custos com os quais o produtor iria precisar arcar para concluir a operação, frente ao que estava sendo oferecido a ele no mercado do dia a dia. “Nós íamos ter que pagar para levar o café até os armazéns. Incluindo no valor, uma sacaria nova (R$6), taxa de 1,7% sobre a corretagem valor do negócio a ser paga aos armazéns, descarga na Conab (2 a 3 reais)”, concluiu.

A resistência a vender sacas no leilão se deveu, ainda, ao fato de que, segundo o setor, há compradores que chegam a pagar R$450 para retirar o café nos armazéns próprios. “A gente faz venda com entrega também, mas no leilão os valores pagos não cobriam esses custos a mais. Calculando rápido, dá em torno de R$16 de custo”, acrescentou.

PREÇOS
O tipo 7, que seria o café importado do Vietnã, conforme o pedido das indústrias feitos ao Governo neste ano, teve lance mínimo de R$425. “Algumas empresas ofertaram e o preço máximo chegou a R$472, sem gerar negócios. Esse tipo, ontem (22/3), se viesse do Vietnã chegaria ao Porto de Santos por R$448,39 (para as empresas de torrado e moído seria acrescentado uma taxa de 2% sobre o preço da saca)”, explica Lima.

Já o tipo entre 400 e 600 defeitos não tem cotação nas cooperativas, mas seguindo Lima, no mercado interno direto esteve em média de R$415. Já no leilão, a oferta teria chegado a R$440 /saca. Já o preço praticado para o conilon de até 800 defeitos, no mercado oscilou entre R$390 e R$400, enquanto no leilão a oferta máxima teria chegado a R$420.

“O único tipo que o leilão não acompanhou ou ultrapassou os valores do mercado interno foi o padrão tipo 7/8”, avaliou Lima. Para este tipo, preço de mercado estava em R$428 em média. No pregão, os valores não ultrapassaram R$417. O tipo 6, de maior qualidade, não foi contemplado no leilão. Na cotação do Cepea esse tipo foi avaliado em R$453,23 no mesmo dia.

PRIMEIRA EXPERIÊNCIA
O principal parlamentar a acompanhar a questão, deputado federal Evair de Melo (PV/ES), se manifestou após o resultado negativo do pregão. “Como já prevíamos, os leilões realizados na data de hoje (22/03) não obtiveram êxito. Nenhum negócio foi efetivado, por motivos óbvios e por razões amplamente alertados pelo setor produtivo”, afirmou ele.

Segundo o parlamentar, entre os motivos para o fracasso da operação, estariam: O parcelamento em vários editais, com leilões diferentes em uma única data, por exemplo, prejudicou a livre concorrência e obstou a comercialização do café; Os prazos exíguos para entrega do café, a modalidade de leilão (cartela), a forma da divulgação do preço de aceitação para abertura do objeto e a possibilidade de alteração do preço para mais ou para menos (ausência de preço crescente), tudo isto prejudicou o processo de compra e venda; O custo operacional de R$16,00/saca desestimulou os vendedores e inviabilizou as operações.

“Entre a publicação do edital e a realização dos leilões, o setor produtivo necessitava de um prazo mínimo de 10 a 15 dias para providenciar o cadastro e a preparação dos produtores de café, tendo em vista que esse procedimento não é prática no café conilon. Contudo, como tivemos apenas seis dias para providenciarmos tudo, o fracasso dos leilões já era previsto”, pontuou o deputado, acrescentando que a operação teria comprovado a existência de estoque físico de café conilon.

Embora a tentativa de adquirir 213,5 mil sacas de 60 kg do café necessário para a produção de blend tenha sido frustrada nesta semana, a indústria afirma que pretende seguir com novos leilões. “Sabemos que houve certa dúvida dos produtores. Para as indústrias também é uma ferramenta nova e queremos aprimorá-los”, afirma Aguinaldo Lima. Os produtores seguem retraídos, vendendo só o necessário. “A gente vê que é uma nova ferramenta, uma nova maneira que podemos pensar. Eu acredito que em um próximo leilão podemos chegar a um denominador comum”. A expectativa dos produtores é de que a partir de abril os negócios passem a fluir com mais intensidade.

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