Em meio a constantes dúvidas sobre o volume de café disponível no país, a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), maior do setor de café no Brasil, segue observando o vai e vem do mercado. “Nós não temos estoques remanescentes, mas temos estoque novo. Eu acredito que vai diminuir a exportação, mas nós não vamos deixar o mercado interno sem café”, pontua Carlos Paulino, presidente da Cooxupé, durante o segundo dia da Feira de Máquinas, Implementos e Insumos Agrícolas – Femagri.
A quebra do conilon, e sua posterior escalada de preços no mercado interno, elevou os preços do café arábica de menor qualidade. Foi esse movimento que, segundo Paulino, inverteu a lógica de aumento da exportações e fez com que boa parte dos cafés rio e riado permanecessem no país. “Esse ano de 2016 já foi mais interessante atender demanda interna do que externa”, conclui ele sobre o que acredita ser a tendência também para 2017.
Coletiva de imprensa no segundo dia da Femagri // Foto: Femagri/ Divulgação
Em 2016, os embarques ao mercado externo da Cooxupé foram de 3,9 milhões de sacas, frente à 4,27 milhões de sacas em 2015. Já o café destinado ao mercado interno cresceu 27%, alcançando 1,8 milhões de sacas em 2016.
O recuo da gigante Cooxupé em relação ao mercado externo deve agitar outras origens. “Mercados que costumam consumir os cafés rio e riado terão que procurar se abastecer com outros produtores. Por isso, a menor exportação da Cooxupé deve movimentar os estoques de outros países”, indicou o superintendente comercial da Cooperativa, Lúcio Dias.
Hoje, os estoques da Cooperativa tem 3,8 milhões de sacas. Segundo Lúcio, em café ainda não vendido são apenas 1,3 milhões delas. Ainda assim o superintendente comercial não acredita seja cedo para apontar elevação dos preços em nível internacional. “O café tem fatores diferentes, então não tem nada a ver com oferta e demanda. Tem um componente de aplicação financeiro fortíssimo, então ainda não sabemos como o mercado vai reagir”.