Em julho o indicativo composto da OIC (Organização Internacional do Café) registrou sua maior alta de 17 meses. Em Relatório sobre o mercado de café, divulgado recentemente, a OIC afirma que apesar disso, o mercado encontrou dificuldades para manter seus avanços iniciais. Veja, abaixo, o que reportou a Organização:
Nos últimos dois meses o ritmo das exportações diminuiu, pois a nova safra do Brasil ainda não chegou ao mercado, mas os estoques dos consumidores continuam relativamente bem supridos. Segundo estimativa da Conab, além disso, os estoques internos em mãos do setor privado no final de março de 2016 só diminuíram 5,4% em relação a seus níveis do ano anterior, passando de 14,4 para 13,6 milhões de sacas.
Houve uma mescla de preços ao longo de julho, e o indicativo da OIC fechou com um valor diário apenas 0,5 centavo de dólar acima de seu valor inicial. Um ponto alto de 137,36 centavos de dólar dos EUA por libra-peso foi alcançado no meio do mês, devido a um segundo sobressalto ante a possibilidade de geada no Brasil e a uma pequena recuperação do real brasileiro. Esse foi o valor diário mais alto que o indicativo composto da OIC alcançava desde fevereiro de 2015. A partir daí, porém, ele recuou a um ponto baixo de 129,40 centavos, em consequência da solução da greve dos caminhoneiros colombianos e da redução da ameaça de geada no Brasil.
Em junho de 2016 o volume das exportações foi consideravelmente menor que em junho de 2015, tendo caído 11,2% para 9 milhões de sacas, o menor volume exportado no mês de junho durante seis anos. Estima-se que três dos quatro maiores produtores exportaram menos: Brasil (-10,2%), Colômbia (-7,4%) e Indonésia (-62,9%), mas o Vietnã exportou um pouco mais (+0,4%). Calcula-se, porém, que o volume total exportado nos três primeiros trimestres do ano cafeeiro de 2015/2016 (outubro a junho) foi 0,2% superior ao das exportações do mesmo período o ano passado, perfazendo 85,1 milhões de sacas e indicando que uma redução de 6,5% nas exportações dos Robustas foi compensada por um aumento de 4,6% nas dos Arábicas.
A OIC reduziu sua estimativa da produção no ano-safra de 2015/2016, antes cifrada em 144,7 milhões de sacas e agora em 143,3 milhões. Esta nova estimativa se deve sobretudo a uma redução acentuada da produção prevista no México, que passa de 3,9 a 2,8 milhões de sacas, e a uma revisão mais modesta da estimativa da produção da Nicarágua, para 1,8 milhão. No caso do México, a redução se deve a um impacto mais agressivo do que se previra da ferrugem, que desde 2012/2013 reduziu a produção do país em mais de um terço.
Prevê-se que, em consequência, o volume total da produção de 2015/2016 será 0,7% superior ao do ano passado, mas ainda assim inferior aos volumes produzidos em 2012/2013 e 2013/2014. O volume total da produção dos Arábicas quase não se alterou; na verdade, como mostra o gráfico 5, a oferta dos Arábicas Lavados que o setor dos cafés especiais utiliza se manteve estável nos quatro últimos anos, pois a menor produção de algumas origens (México e Peru, por exemplo) foi compensada pela maior produção de outras (Colômbia e Honduras, principalmente).
A oferta dos Robustas tem sido menos estável. Calcula-se que em 2015/16 ela crescerá 1,7%, devido a melhores safras no Vietnã e Indonésia, mas as perspectivas para 2016/17 são menos positivas. As exportações da Indonésia nos três últimos meses caíram mais de um terço para menos de 1 milhão de sacas, devido a um El Niño forte e a maior demanda interna. Enquanto isso, a Associação do Café e do Cacau do Vietnã (Vicofa) alerta que, devido a secas, a oferta de café vietnamita o ano que vem diminuirá. Por último, no Brasil a safra de Robustas, segundo a Conab, será a menor de mais de 10 anos em resultado de estiagem, tendo havido uma queda de 79,5% nas exportações de junho, que só chegaram a 83.000 sacas.