Por Thais Fernandes

Até o dia 20 de janeiro, cafeicultores de municípios mineiros relataram que não conseguiram ter acesso ao crédito de custeio do Pronaf. O benefício é destinado a pequenos produtores para adquirirem sementes, fertilizantes, defensivos, vacinas, ração e outros itens necessários para o dia a dia da sua produção.

“Imaginei que o problema era apenas na agência local, mas o pessoal do banco informou que foi um problema nacional”, afirmou Fernando Barbosa, produtor do município sul mineiro, próximo a Guaxupé, e que não conseguiu ter acesso ao Pronaf até esta terça-feira no período da manhã.

Também chegou a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG) informações de produtores que buscaram o Banco do Brasil e não conseguiram acessar crédito. O problema teria sido causado pela falta de atualização no sistema do Banco do Brasil e suas agências com relação a mudanças no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).

“No final do ano passado o Banco Central editou diversas portarias novas para o ProAgro, Programa do Governo Federal vinculado ao Pronaf, que garante que se ocorreu com esse produtor algum fenômeno natural, praga ou doença, o Conselho Monetário Nacional autoriza o Banco a dar um desconto”, pontuou a coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso.

O ajuste nas normas do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária da Agricultura Familiar (Proagro Mais), trata o Capítulo 16 (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária - Proagro) do Manual de Crédito Rural (MCR). Confira aqui.

A Superintendência de Agronegócio do BB em Minas informou à FAEMG que o problema estaria resolvido nesta semana. Produtores informaram que algumas agências só tiveram seu serviço normalizado nesta tarde de terça-feira (24/1), como na agência de São Pedro da União (MG). “Há vários critérios específicos à cultura ou mesmo ao sistema nacional, que por conta das portarias precisavam ser modificadas. A instituição precisava adequar seu sistema operacional interno, para que no momento que o produtor buscasse o crédito, a regra já estivesse acessível lá dentro”, explica Aline sobre a falha entre as agências.

O problema causou temor entre produtores que dependem do crédito para quitar outros compromissos. “Os produtores da região também alegaram que os custeios não estavam retornando como se fazia anteriormente. O produtor depositava o dinheiro e após 5 a 10 dias retornava retirando apenas os juros. Tem produtor que pediu empréstimo a terceiros para pagar o banco e agora está de mãos atadas e sem condições de fazer outro para pagar o empréstimo”, comentou Barbosa sobre a dificuldade vivida na região durante a semana passada.

“Os produtores ficaram muito aflitos. Esse foi o problema que aconteceu. Periodicamente há uma tentativa do Banco Central de adequar as normas, porque é importante um programa que pode resguardar produtor rural de pagar um valor que não seja compatível. Provavelmente a agencia não se atentou a isso. É um problema de comunicação também”, comentou Veloso. Fontes informaram ao CaféPoint que as agências seguem com a atualização do sistema, mas pode haver atrasos em outros serviços que forem afetados pela mudança.

Posto de Atendimento
Outra dúvida recorrente entre os produtores rurais é como será feito o atendimento em agências do Banco do Brasil que passarão a ser Postos de Atendimento (PA). “Essas informações a gente ainda não tem. Todas as agências estão aptas a ofertar o crédito rural. A expectativa que a gente tem é que seja normal, que haja atendimento ao produtor e que o produtor também seja informado”, destacou Aline Veloso.

Sobre o tema o Banco do Brasil informou ao CaféPoint, em nota, que “Nos municípios em que possui apenas uma unidade, o BB garante a manutenção do ponto de atendimento à população, adequando sua estrutura para posto de atendimento. Cabe ressaltar que não há alteração nos serviços oferecidos aos clientes e usuários”.

Segundo o BB, a mudança de agência é automática e os clientes não precisam fazer qualquer procedimento adicional e podem manter seus cartões e senhas para transações na nova agência, mesmo que haja alteração no número da conta. O Banco ressaltou, ainda, que além dos pontos físicos, o oferece a maioria das transações pelo aplicativo para celular e Internet, Central de Atendimento por telefone e nos terminais de autoatendimento próprios e da Rede 24Horas, além de correspondentes bancários.