O Sul de Minas foi muito afetado com as geadas da última semana. Sobre o tema, o vice-presidente do Centro do Comércio de Café do Estado de Minas Gerais (CCCMG), Ricardo Schneider, concedeu uma entrevista ao jornal Hoje em Dia, onde apontou que a próxima safra deve ser bem menor por conta das intempéries climáticas. Schneider disse que todas as lavouras da região sofreram com a queda nas temperaturas, mas que ainda é cedo para precisar os danos reais.
“Tivemos um período longo sem a ocorrência de geadas, sendo que a última relevante foi em 1994. Tivemos seca, excesso de chuva, mas sem geada. Agora, estamos enfrentando uma geada importante que vai impactar a produção do café. Ainda é cedo para dizermos qual o impacto, a extensão dos danos. Na semana passada, visitei algumas lavouras para ver in loco a situação e foi um impacto geral. Todas as regiões que visitei no Sul de Minas sofreram. Isso, certamente, vai causar redução na produção e já causou uma movimentação nos mercados com alta de preços. Mas qualquer número que se falar agora é precoce”, apontou.
Ricardo Schneider, vice-presidente do Centro do Comércio de Café do Estado de Minas Gerais (CCCMG)
Segundo ele, com os alertas de uma nova frente fria nessa semana, o produtor não tem muito o que fazer. “Quando o frio vem, não existe nada que possa ser feito neste momento para impedir a geada. O que aconteceu, nos últimos anos sem geada, foi uma migração da lavoura para áreas mais baixas. Normalmente, o produtor costuma plantar nos locais mais altos porque a chance de frio é menor. Com os invernos amenos dos últimos anos, a decisão foi plantar em baixadas por conta da facilidade do manejo, onde a mecanização funciona melhor. O que percebemos foi um movimento de aproveitamento de espaço. Essas áreas mais baixas são mais suscetíveis à geada e o frio foi muito intenso nos últimos dias. O que pode acontecer é que, talvez, alguns produtores que tiveram perdas maiores possam repensar a plantação nessas áreas”, comentou.
Com a geada, o produtor perde 100% e precisa tirar a lavoura e plantar tudo de novo. “As plantas que sofreram mais são as mais jovens porque têm uma estrutura mais fraca. Em muitos locais, os produtores relataram que houve a chamada geada de capote, que atinge só o topo das árvores. As árvores mais maduras sofrem, mas resistem. Por isso, os produtores vão precisar tomar decisões importantes nos próximos meses, se aguardam para ver como vai ficar a lavoura ou se plantam novamente. Eles devem aguardar essa nova frente fria e analisar os danos reais. Toda a cadeia está preocupada com essa situação, mandando homens a campo, buscando informações”, explicou Ricardo.
As informações são do Jornal Hoje em Dia (por Maria Amélia Avila).