A produção mundial de café para 2024/25 pode alcançar 176,2 milhões de sacas. A previsão, feita pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em relatório mundial bianual publicado na segunda quinzena de junho, contempla, portanto, um aumento de 7,1 milhões de sacas em relação à safra passada. O aumento das exportações de grãos de café também está previsto: 1 milhão de sacas a mais, totalizando 42,5 milhões. Segundo o órgão norteamericano, os motivos são a recuperação no Brasil e o aumento da produção na Indonésia.
A expectativa da colheita de cafés no Brasil é de alcançar, segundo o relatório da USDA, 69,9 milhões em 2024/25, com 48,2 milhões de sacas de arábica e 21,7 milhões de canéfora, representando aumentos de 7,3% e 1,4%, respectivamente. Já o aumento das exportações brasileiras está estimado em 3,6 milhões de sacas.
Há porém, de acordo com análises da Climatempo, os prováveis efeitos do La Niña, cujas ondas de frio esperadas para julho e agosto aumentam o risco de granizo nas áreas produtoras do Sul de Minas.
Com metodologias diferentes, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) previu que a safra de café de 2024 alcançará 58,8 milhões de sacas, sendo a produção de canéfora calculada em 16,7 milhões de sacas. Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apostou que a safra de café de 2024/25 será de 60,2 milhões de sacas – um aumento de 5,6% em relação ao ano anterior (41,2 milhões de sacas de arábica e 18,9 milhões de sacas de canéfora).
Já Indonésia, a aposta contida no relatório da USDA é que, com um aumento de quase 2,8 milhões, o país alcance 10,9 milhões de sacas produzidas, com previsão de exportação de 6,5 milhões de sacas. Do total, 9,5 milhões de sacas são de canéfora (robusta) – espécie beneficiada pelas condições favoráveis de cultivo nas áreas baixas do sul de Sumatra e de Java, onde cerca de 75% da variedade é cultivada. Já a produção do arábica deve chegar a 1,4 milhões de sacas, um ligeiro crescimento.
O consumo mundial também foi estimado no relatório da USDA, e também deve aumentar em torno de 3,1 milhões de sacas, atingindo 170,6 milhões, assim como os estoques mundiais finais (25,8 milhões), após três anos consecutivos de queda.
A produção do Vietnã permanece praticamente inalterada segundo a USDA. Serão 29 milhões de sacas, com mais de 95% da produção total de canéforas (robusta). A estação chuvosa ligeiramente atrasada e temperaturas acima da média foram registradas em muitas áreas, afetando negativamente os rendimentos nesta safra, que diminuiu pelo segundo ano seguido. As exportações de grãos estão previstas para 24,4 milhões (queda de quase 500 mil sacas).
Mais sobre o Vietnã
O país enfrenta desafios de longo prazo na produção do grão, com a redução do lençol freático e da cobertura florestal afetando fortemente os poços para irrigação, da qual os cafeicultores dependem (a cobertura florestal reduz a evaporação da água, essencial para a sustentabilidade das plantações).
Em resposta a essas condições, instituições governamentais implementaram estratégias para promover a produção de café, como substituição de plantas antigas por novas variedades, plantio consorciado (para aumentar a sombra e a retenção de água), adoção de sistemas de irrigação mais eficientes e incentivo à certificação de sustentabilidade das fazendas.
Segundo informa o relatório, as estatísticas do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural do país contabiliza cerca de 30% de área de cultivo de café certificada.
Outras previsões para 2024/25
A produção de arábica na Colômbia deve atingir 12,4 milhões de sacas (+ de 200 mil sacas). O país deve exportar 10,8 milhões, embora esse ligeiro aumento de rendimentos esteja abaixo dos valores máximos recentes, devido ao aumento das taxas de infestação pela broca.
A produção na América Central e no México deve crescer para 16,6 milhões de sacas (+ de 300 mil), com arábica perfazendo 95% desse total. A Nicarágua espera atingir 2,7 milhões de sacas, enquanto no México, a produção deve chegar a 3,9 milhões de sacas. A produção deve permanecer estável em Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Panamá. As exportações da região estão previstas para aumentar em 500 mil sacas, totalizando 13,4 milhões delas.
A colheita combinada de arábica e robusta na Índia deve atingir 6 milhões de sacas (- 100 mil). A produção de arábica deve cair para 1,4 milhão de sacas devido às poucas chuvas antes das monções – ventos sazonais que trazem grandes quantidades de chuva durante um período específico do ano e são cruciais para a agricultura indiana. Já a produção de canéfora (robusta) deve permanecer inalterada (4,6 milhões de sacas). Exportações devem alcançar 4,2 milhões de sacas.
A previsão de importações da União Europeia pode aumentar em 2 milhões de sacas – chegando a 47,5 milhões, impulsionadas pelos maiores embarques do Brasil e da Indonésia. Os Estados Unidos, o segundo maior importador de grãos de café, devem aumentar suas importações em 900 mil sacas, totalizando 24,5 milhões de sacas, devido ao aumento do consumo.
Fonte: USDA, 20 de junho de 2024.