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Tempo seco preocupa cafeicultores no Sul de Minas

POR EQUIPE CAFÉPOINT

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 13/10/2020

2 MIN DE LEITURA

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Fatores climáticos podem prejudicar a produção de cafés da safra 2021/2022 no Sul de Minas. O produtor de café e pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Gladyston Carvalho, aponta que já dá para notar que as plantações estão sendo afetadas. “As lavouras de café vinham em excelentes condições, bem enfolhadas e vigorosas. Entretanto, neste momento em que as colheitas estão sendo finalizadas, observamos um aumento nas temperaturas e no déficit hídrico, causando uma desfolha intensa”, disse.

Segundo Gladyston, além desses fatores mencionados, a desfolha foi agravada pela dificuldade de controle da ferrugem, principal doença do cafeeiro, mas ainda é cedo para quantificar as perdas. “Se comparada com a previsão inicial que tínhamos para 2021, será, com certeza, menor, mas ainda é cedo para quantificar essa redução”, comentou.

Esses fatores adversos afetam não somente as lavouras em produção, mas também as que estão em formação, causando um aumento na mortalidade de plantas jovens e aumentando o custo de formação da lavoura cafeeira pela necessidade de realização de um novo plantio, seja total ou parcial. “Em áreas irrigadas, os danos são menores, mas ainda existentes, uma vez que a demanda hídrica está muito acentuada”, pontuou o pesquisador.

De acordo com o professor do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Rubens Guimarães, o histórico da produção na região leva a apreensão. O professor lembra que a ocorrência de fatores climáticos adversos é frequente, como o excesso de chuvas nos anos de 1976, 1982, 1983, 1987; o frio intenso com geadas severas em 1892, 1902, 1918, 1942, 1975, 1979; o calor excessivo em 1985, 2000, 2007 e 2014; e secas severas em 1942, 1961, 1963 e 2014.

“Como se observou em 2014, a temperatura elevada aliada ao déficit hídrico são as principais limitações climáticas à produção do cafeeiro nas diversas regiões de cultivo, tendo sido calculado um prejuízo de mais de 30% na produtividade esperada de café naquele ano”, afirmou Rubens.

Para ele, a melhor estratégia para que o cafeicultor se defenda das secas, que normalmente são potencializadas pelas altas temperaturas, é o manejo da lavoura, que deve ser planejado desde a sua implantação: “melhor cuidar de menores áreas de café bem manejadas (com altas produtividades) do que de grandes áreas pouco produtivas (com custos elevados)”.

Uma pesquisa instalada no campus da Ufla alia técnicas já conhecidas com métodos para mitigação dos efeitos da menor disponibilidade hídrica no cafeeiro. O estudo buscou entender os efeitos da seca e das altas temperaturas no solo e na planta de café, propondo combinação de técnicas como: manejo da cobertura do solo (com material orgânico ou mesmo filme de polietileno), manejo ecológico da braquiária, uso de fertilizantes de eficiência aumentada (estabilizados, de liberação lenta ou de liberação controlada), uso de polímeros retentores de água e condicionadores de solo.

“Foi possível propor técnicas de manejo da lavoura para aumentar a capacidade de armazenamento de água no solo (cobertura com resíduos vegetais, uso de polímeros retentores de água ou de compostos feitos de resíduos orgânicos), diminuir as temperaturas no solo e nas plantas para menor perda da água (melhorando a absorção de nutrientes com benefícios diretos no controle de pragas e doenças)”, explicou Rubens.

As informações são do jornal Estado de Minas.

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