Na última quinta-feira (13), o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Márcio Ferreira, participou da 30ª edição do Debate Agro, evento realizado pela Campo Vivo – Inteligência em Agronegócios, que proporcionou um encontro empresarial e técnico para debater sobre o café conilon, em Jaguaré, no norte do Espírito Santo.
Falando a uma plateia composta por produtores rurais, técnicos, empresários e lideranças do setor, ele fez uma análise do atual contexto de mercado da variedade, destacando o avanço da qualidade e a possibilidade de aumento no percentual dos blends em todo mundo, puxado por essa melhoria nos atributos sensoriais e pelo avanço da produção no Brasil e no Vietnã.
O presidente do Cecafé também destacou a sustentabilidade, a qualidade e a diversidade dos cafés do Brasil, que fazem com que o produto seja o mais consumido no mundo. “Nossa cafeicultura é um case de sucesso por meio da intensificação sustentável, preservando sua fundamental importância social e o meio ambiente onde se faz presente. Ampliamos nossa produtividade em mais de 400% nas últimas décadas, ao mesmo tempo em que reduzimos pela metade a área do cinturão produtor”, revela.
Márcio recorda que, no Brasil, 78% dos cafeicultores são familiares, enquadram-se como beneficiários das linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e que o café brasileiro é produzido em territórios agrícolas consolidados, havendo 43,9 milhões de hectares de vegetação nativa preservados dentro dos imóveis rurais dos principais estados produtores. “Em média, essa área é superior a 20% dos territórios estaduais”, indica.
Diante dos desafios que se apresentam no consumo mundial do produto, com novas regulações emergindo, principalmente na União Europeia e nos Estados Unidos, ele afirma que o Brasil está preparado para continuar liderando o mercado global, com as variáveis relacionadas à governança socioambiental (ESG) ganhando mais importância.
“No aspecto ambiental, os cafés do Brasil são carbono negativo, mais retendo do que emitindo gases de efeito estufa na atmosfera em seu processo produtivo; são cultivados com uso racional da água, preservando vegetação nativa, biodiversidade; e fazem uso de fontes renováveis de energia e gestão de resíduos sólidos”, detalha.
Em relação à governança, Márcio destaca a boa gestão do Cecafé e do segmento exportador, com cumprimento de regras e leis, transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa, sem envolvimentos em fraudes, denúncias e escândalos, “fazendo valer o nosso código de ética e conduta”.
“No social, temos amplo e íntegro respeito a direitos humanos, legislação trabalhista, saúde e segurança do trabalho, além de incentivarmos diversidade, equidade de gênero, inclusão e sucessão nas comunidades onde a cafeicultura está presente”, completa o presidente do Cecafé ao se referir aos aspectos humanos da atividade.
Ele pondera que esses novos desafios do consumo mundial são, em verdade, oportunidades para a cafeicultura nacional devido ao respeito aos critérios ESG da atividade. “Por meio dos programas do Cecafé focados em educação e capacitação, do campo à exportação, nossos cafés se fazem resilientes e estão na vanguarda, não à toa 72% das nossas exportações, por exemplo, destinam-se a países com controle de limites máximos de resíduos”, comenta.
Márcio ressalta, ainda, o trabalho do governo do Espírito Santo e de seu corpo técnico, cuja visão, ação e projetos apontam para um avanço da cafeicultura capixaba, conforme demonstrado na participação do secretário de Agricultura Enio Bergoli no evento, principalmente no que se refere às pautas ESG e no direcionamento específico de ações voltadas àqueles produtores cujo índice de produtividade está abaixo da média.
Durante o Debate Agro, com a participação do deputado federal Evair de Melo, do presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Fabrício Tristão, e outras autoridades, foram discutidas as deficiências logísticas, que causam redução, cada vez maior, do volume embarcado pelo porto de Vitória (ES). “Há uma expectativa para uma retomada substancial das exportações pelo Espírito Santo, não somente de cafés produzidos pelos capixabas, mas por outros Estados, tendo em vista as novas opções de portos, como o Imetame, em Aracruz, por exemplo”, conclui o presidente do Cecafé.