O México, oficialmente Estados Unidos Mexicanos, é uma república federal composta por 32 estados e que ocupa a porção meridional da América do Norte e o extremo noroeste da América Central. A sede do governo se encontra na Cidade do México, território designado como Distrito Federal. O país limita ao norte com os Estados Unidos da América, a leste com o golfo do México e o mar do Caribe, a sudeste com Belize e Guatemala, e a oeste com o Oceano Pacífico. O território mexicano ocupa aproximadamente 2 milhões de km2, sendo o décimo quarto país do mundo em área. É o maior país de língua espanhola do mundo, com população estimada de 111 milhões de pessoas em julho de 2009. A língua espanhola convive no México com numerosas línguas indígenas, reconhecidas como nacionais pelo estado.
FIGURA 1. Mapa político do México
No território Mexicano surgiram algumas das maiores civilizações antigas do continente, que ficaram conhecidas como mesoamericanas. A Mesoamérica é o termo com o qual se denomina a região do continente americano que inclui aproximadamente o sul do México e os territórios da Guatemala, El Salvador e Belize, bem como as porções ocidentais da Nicarágua, Honduras e Costa Rica.
Nos séculos anteriores à conquista espanhola do México, várias civilizações pré-colombianas avançadas e complexas desenvolveram-se nesta região, incluindo olmecas, teotihuacanos, toltecas, maias e aztecas (ou astecas), que se relacionavam e lutavam pela supremacia territorial.
Em 1519, o conquistador espanhol Hernán Cortés chega à Cozumel e incursiona território adentro pela costa de Veracruz. Vários povos se aliaram aos espanhóis com o intuito de se livrar do domínio azteca. Moctezuma Xocoyotzin, chefe azteca, em um primeiro momento recebeu pacificamente os recém-chegados pensando que Cortés era Quetzalcóatl, rei azteca que, segundo a tradição, havia viajado para o oriente jurando regressar um dia para retomar seus territórios. Quando um dos subordinados de Cortés realizou um massacre em um dos templos aztecas, estes foram às armas contra os espanhóis e seus aliados. Em 1521, o império azteca caiu frente ao exército espanhol, que na verdade era formado principalmente pelo povo tlaxcalteca. Um a um, os povos mesoamericanos foram dominados pelos espanhóis. Com os espanhóis chegaram também missionários para converter os indígenas à religião católica, sendo que hoje ela representa aproximadamente 76% da população, o que torna o país o terceiro maior do mundo em número de católicos.
O México iniciou seu processo de independência em 1810 e após muitas lutas e reviravoltas, teve seu reconhecimento pela Espanha como nação independente em 28 de setembro de 1821. Posteriormente, durante aproximadamente um século, o país se viu envolto em uma série de conflitos e guerras internas, com invasões estrangeiras que tiveram forte repercussão na vida dos mexicanos. Em uma destas invasões, os mexicanos perderam mais da metade de seu território para os Estados Unidos, incluindo os atuais estados estadunidenses do Texas e Califórnia.
Durante boa parte do século XX o país foi dominado por apenas um partido político e vivenciou um grande crescimento econômico, o "milagre mexicano". Na década de 1980 o México se abriu economicamente e deu inicio às privatizações. Em 1994 uma forte desvalorização do peso mexicano jogou o país numa forte turbulência econômica, que culminou na maior recessão em mais de meio século. No ano 2000, o México vivenciou sua primeira mudança política em 71 anos, quando o Partido Ação Nacional (PAN) e o partido Verde Ecologista derrotaram o Partido Revolucionário Institucional (PRI) nas eleições presidenciais. Desde a crise dos anos 1990, o país vive uma recuperação econômica fantástica, só abalada pela atual crise.
O México possui mais de 11.000 km de costa e está posicionado estrategicamente entre o Oceano Pacífico e o Golfo da Califórnia a oeste, e o Golfo do México e o mar do Caribe a leste. O relevo caracteriza-se por ser muito acidentado, possuindo diversos vulcões em atividade. O território é cortado pelas serras "Madre Oriental" e "Madre Ocidental". A serra Madre Ocidental termina em Nayarit, na confluência com o "Eixo Neovulcânico". A partir daí, a serra Madre do Sul corre paralela ao Pacífico Sul. A oeste desta região encontra-se a serra Madre de Chiapas. O Eixo Neovulcânico atravessa o território de oeste a leste, até unir-se com a serra Madre Oriental.
O México é um país com grande diversidade climática. Sua posição geográfica o coloca em duas áreas bem diferenciadas, uma temperada e outra tropical, separadas pelo trópico de Câncer. O relevo e a proximidade com os oceanos influem muito no clima do país. No México é possível encontrar climas frios de montanha e muitos quilômetros de costa com temperaturas calorosas. No deserto de Sonora, as temperaturas alcançam mais de 45°C. O cultivo de café se concentra em regiões de clima quente e úmido ou temperado e úmido, principalmente no sul do país.
FIGURA 3. Mapa geográfico do México
O México é composto por 32 entidades federativas. Cada estado possui uma constituição e congresso próprios. O Presidente da República e os governadores tem mandato de 6 anos, sem direito à reeleição. Existem 2.438 municípios no México e o presidente municipal é eleito a cada três anos.
A economia mexicana é de livre mercado e orientada para as exportações. É a segunda maior economia da América Latina, atrás apenas do Brasil, e a quarta economia de toda a América. Seu PIB foi estimado em US$ 1,14 trilhões em 2008, sendo a 13° maior economia do mundo. Possui a maior renda per capita de toda a América Latina. Desde a crise de 1994, que arrasou o país, o México tem alcançado bons resultados macro-econômicos. Apesar desta estabilidade, com inflação controlada e taxa de juros baixa (6,75% ao ano em março de 2009), existem grandes diferenças entre ricos e pobres, entre os estados do norte (ricos) e os do sul (pobres) e entre a população urbana e rural.
A economia é composta por indústrias e sistemas agrícolas de diversos portes, tanto modernos como antigos. O setor de serviços representa 62,2% do PIB, empregando 59,2% da mão-se-obra. O setor industrial representa 34,1% do PIB e ocupa 25,7% da força de trabalho. Já a agricultura, representa apenas 3,7% do PIB e ocupa 15,1% da mão-de-obra. Voltada para a exportação (84% das quais para os EUA), a economia mexicana faz parte de diversos tratados internacionais, sendo o mais importante o NAFTA, com EUA e Canadá. As grandes forças da economia mexicana são a indústria do petróleo (dominada pela empresa estatal PEMEX), a indústria automobilística (responsável por grande parte da receita com exportações de produtos manufaturados) e as remessas enviadas por mexicanos que trabalham no exterior, principalmente nos EUA. As remessas chegaram a ser a 2ª maior fonte de divisas do México, somente atrás das exportações de petróleo. Em 2008, elas atingiram 25 bilhões de dólares, valor que deve se reduzir com o agravamento da crise mundial e o retorno de mexicanos ao país. Alguns dos objetivos principais do governo na área econômica incluem melhorar a infra-estrutura, o sistema tributário e as leis de trabalho, bem como reduzir as desigualdades sociais.
O aumento da renda per capita da população na última década teve como consequência o aumento da demanda por alimentos. Apesar disso, a participação do agronegócio em relação ao PIB total tem diminuído constantemente ao longo dos anos. Em 2006, ela representava apenas 3,9% do PIB, enquanto que em 1980 compunha 7%, e em 1970 ainda respondia por 25% do total.
Características geográficas e climáticas, como a aridez do solo e o relevo acidentado, tornam extremamente complicado o desenvolvimento do agronegócio mexicano. Estima-se que a área cultivável não passe de 15% do total. Por outro lado, existem vales e regiões com terras extraordinariamente férteis, com alta produtividade. Há no México dois setores agrícolas bem diferenciados. A agricultura familiar, de subsistência, que inclui o cultivo de produtos para consumo próprio como milho, feijão, abóbora e abacate. E a agricultura comercial, cuja produção se destina ao mercado nacional e internacional. A agricultura comercial se concentra principalmente no norte, onde grandes projetos de irrigação permitiram o plantio de diversas culturas, como o trigo, milho, arroz, hortaliças e algodão. O cultivo de cana-de-açúcar localiza-se nas planícies costeiras do Golfo do México, enquanto que nas terras temperadas e quentes do estado de Vera Cruz, Chiapas e outros estados do sul do país cultiva-se o café. Outro setor importante é o da pecuária bovina, localizado principalmente nos campos irrigados do norte a no planalto central.
Dentre os principais produtos do agronegócio mexicano destacam-se o milho, trigo, soja, arroz, feijão, frutas, tomates, carne, frango, laticínios e madeira. O grande mercado em desenvolvimento é o da exportação de frutas e hortaliças para os EUA. Outros produtos exportados são o café e o algodão. Apesar de ser um elemento básico da dieta dos mexicanos, a cadeia do milho não é tão desenvolvida quanto a horticultura e produção de frutas tropicais. O país se posiciona como o quarto maior produtor de milho do mundo.
Desde 1994 as importações alimentícias têm aumentado constantemente. Por outro lado, a produção nacional também cresceu no período. Ambas foram beneficiadas pelo forte crescimento econômico do país. O agronegócio mexicano esteve protegido por cotas de importação e exportação com os EUA até 2008. Porém, com a adesão ao acordo NAFTA estas foram eliminadas, o que trouxe grandes preocupações ao setor, já que existe o temor de perda de mercado para o competitivo agronegócio estadunidense.
Produção
O café é um dos produtos agrícolas mais importantes da pauta de exportações mexicanas. Também é uma das culturas mais difundidas, depois do milho, sorgo, feijão e trigo. Não se sabe dizer ao certo quando o café chegou ao território mexicano, porém, estima-se que várias plantas tenham chegado ao continente entre meados do século 18 e início do século 19, vindos de locais diferentes como Jamaica e Guatemala. Existem relatos de que o México já exportava café em 1802.
No total, a produção mexicana de café gira em torno de 4 a 4,5 milhões de sacas de 60 kg ao ano, posicionando o México atualmente como o 6° maior produtor do mundo. O México produz essencialmente café arábica, principalmente as variedades Typica, Mundo Novo e Caturra. A produção de café robusta, que representa apenas 3% do total e se concentra nas áreas baixas de Chiapas e Veracruz, vem sendo incentivada para atender à demanda da indústria de solúvel, que hoje importa tanto café robusta como solúvel já industrializado, inclusive do Brasil.
FIGURA 4. Os 15 Estados produtores de café e sua representatividade:
O cultivo se estende por 15 estados: Chiapas, Veracruz, Puebla, Oaxaca, Guerrero, Hidalgo, Nayariti, San Luis Potosi, Colima, Jalisco, Mexico, Tabasco, Morelos, Queretaro e Michoacan. Estes estão agrupados em 4 regiões principais: Vertente do Golfo, Vertente do Oceano Pacífico, Região de Soconusco e Região Centro Norte de Chiapas. Os estados de Chiapas, Veracruz, Puebla e Oaxaca concentram 94% da produção, 85% da área plantada e 83% dos produtores mexicanos.
FIGURA 5. Grandes regiões produtores de café no México:
No México existem formas diferentes de se produzir café de acordo com as características e tipo de sombras utilizadas: rústico ou de montanha, policultivo tradicional, policultivo comercial, especializado e a pleno sol. Nos estados de Guerrero e Oaxaca, o cultivo de montanha predomina em 70% do território. Nos estados de Veracruz, Chiapas e Puebla, o sistema de policultivo tradicional, onde algumas culturas comerciais são intercaladas com a mata nativa, é o mais importante. O policultivo comercial caracteriza-se pela intercalação do café com outros cultivos, como frutas e madeira, estando presente em Veracruz e Puebla. O sistema de cultivo especializado é caracterizado pelo uso de uma única espécie arbórea de sombra do gênero Inga. O sistema de cultivo a pleno sol é característico de grandes produtores.
Há predomínio do cultivo de café sombreado. Nas áreas mais antigas, diversas espécies nativas convivem com o café. Neste caso o cultivo predominante é de café orgânico e o sombreamento é maior. As variedades de café são de porte mais alto, a produtividade é baixa e predomina a agricultura familiar.
Em áreas mais recentes e tecnificadas, o sombreamento é planejado desde o início. Adotam-se variedades de café de maior produtividade e de porte mais baixo, aumentando o número de plantas por hectare. O nível de sombra é baixo e se utiliza menor número de espécies arbóreas, como exemplo a Ingá, Grevílea e Mimosa. No início do cultivo adota-se um sombreamento provisório com Crotalária por exemplo.
FIGURA 6. Exemplos de cultivos com café sombreado no México
O país é um dos maiores produtores de café orgânico do mundo, com mais de 80.000 ha cultivados e uma produção superior a 500.000 sacas de 60 kg (2008). O maior estado produtor de café orgânico é Chiapas, seguido de Oaxaca, Veracruz, Guerrero e Puebla. Os produtores de Chiapas estão desenvolvendo projetos de certificação orgânica para estimular a produção e a renovação dos cultivos. A produção é praticamente artesanal e uma porcentagem importante destes produtores é indígena.
Existem boas condições para desenvolver a qualidade do café mexicano. Estima-se que 35% da área cultivada seja de cafezais sombreados e localizados em altitudes superiores a 900m, sendo que os cafés daí oriundos são classificados como de "altura" e "estrictamente altura". 44% se encontram entre 600 e 900m, com potencial de produzir cafés de qualidade tipo exportação "prima lavado" e o restante, 21% da área, se encontra em altitudes inferiores à 600m, produzindo normalmente cafés de qualidade inferior. Em relação à adubação, 58% dos produtores não utilizam nenhum tipo de adubo, 29% usam adubos orgânicos, como esterco e palha de café, e apenas 13% utilizam adubos químicos.
O México possui uma região produtora de café com indicação geográfica reconhecida, a denominação de origem do Café Veracruz. A certificação engloba desde a produção do café verde até o produto torrado, e torrado e moído, para exportação e consumo. Outras associações de outras regiões também buscam este reconhecimento, como os produtores de Chiapas, que buscam a denominação de origem do Café de Chiapas.
Condições climáticas adversas ao norte de Chiapas no início de 2009, com chuvas fortes e baixas temperaturas durante a época de floração, afetaram a produção neste local. Porém, boas condições de temperatura e umidade em outras áreas podem ajudar novas lavouras a entrarem em plena produção.
GRÁFICO 1. Produção de café no México nos últimos 20 anos
A produção mexicana, que já foi de 6 milhões de sacas, vem declinando ao longo dos anos, como resultado de problemas climáticos e naturais; abandono de áreas produtivas e emigração de mão de obra; baixos preços pagos no mercado internacional e elevação nos custos de produção.
A área cultivada com café em 2009/10 é praticamente igual à de 2008/09, 700 mil hectares. Ao longo dos próximos anos a área plantada e colhida pode aumentar, porém, em ritmo lento.
O café é produzido por mais de 190 mil produtores agrupados em 16 cooperativas ou associações. Mais de 90% dos produtores de café possuem menos de 5 ha cultivados. A maioria se localiza em locais de difícil acesso, possuindo pouca infra-estrutura. A produtividade média é extremamente baixa, entre 5 e 7 sacas/ha. A colheita é seletiva e realizada 3 a 4 vezes por ano, com início em outubro e final em março. Este período pode variar entre os estados. O método de beneficiamento do café predominante é o despolpado (aproximadamente 85%), sendo que o restante é natural, concentrado mo estado de Guerrero. Existem instalações de benefício de café de vários portes e tamanhos, que vão desde pequenas e familiares, dentro da propriedade, até grandes benefícios úmidos e secos que usam tecnologia moderna.
Entre os principais problemas da cafeicultura mexicana encontra-se a alta dispersão geográfica das propriedades cafeeiras e o grande número de pequenos produtores, o que, aliado ao relevo acidentado, dificulta o acesso às informações e principalmente ao mercado, como também a difusão de tecnologia e a extensão rural. Outro problema é o envelhecimento dos cafeicultores, pois os jovens estão migrando para os grandes centros em busca de melhores oportunidades. Como reflexo desta migração, o nível educacional do produtor não aumenta, e cada vez mais falta mão-de-obra para as lavouras. O uso de tecnologia é baixo, com baixa densidade de árvores por hectare. Outro grande problema é o baixo nível associativo dos produtores, dificultando o acesso à assistência técnica e a mercados. A soma destes problemas explica em parte porque há um número enorme de intermediários, conhecidos como "atravessadores" ou "coyotes", que compram café de milhares de pequenos produtores para revendê-lo aos processadores e exportadores.
Um dos principais objetivos do setor cafeeiro mexicano, coordenado pela Associação Mexicana da Cadeia Produtiva do Café (AMECAFÉ) é renovar os plantios de café no país, pois existem áreas com lavouras entre 50 e 60 anos de idade. A AMECAFÉ está desenvolvendo projetos de grande importância, como o Projeto de Fomento Produtivo, a Política Nacional de Renovação e Melhoramento Genético do Café no México 2009-2020, o Padrão Nacional Cafeeiro, o Prêmio Colheita 2009 e o Programa de Promoção do Consumo Doméstico de Café.
Disponibilidade de café
O volume de exportações totais de café para o ano de 2009/10 está estimado em 2,52 milhões de sacas, praticamente igual ao alcançado em 2008/09. A estagnação das exportações nos últimos 2 anos e a redução nos últimos 10 anos é conseqüência da queda da produção, do aumento do consumo interno e da perda de competitividade no mercado internacional, já que o café mexicano não atinge os mesmos preços e mercados que os países vizinhos da América Central.
GRÁFICO 2. Exportações de café mexicanas de 1995 à 2008
O país, que havia sido o sexto maior exportador de café do mundo, chegou a cair para a 12° posição em 2004, voltando a se recuperar desde então. A imagem do café mexicano no mercado internacional é de menor qualidade se comparado às outras origens da América Central, apesar do país produzir excelentes cafés especiais. Isto se deve principalmente ao uso de técnicas inadequadas de processamento e devido à mistura de grãos oriundos de diversas altitudes e qualidades. Historicamente, 70% dos cafés mexicanos são direcionados à exportação, enquanto que o restante atende à demanda interna.
Os EUA são o principal mercado para o café verde mexicano (64% do total exportado), seguido de Bélgica, Alemanha e Japão. Fontes da indústria mexicana afirmam que os EUA compram café verde mexicano, lhe agregam valor (torrefação e empacotamento), e então re-exportam o café para consumo no próprio México.
GRÁFICO 3. Comparativo entre produção, exportação e consumo de café no México de 1995 a 2008
O peso mexicano sofreu nos últimos meses uma forte desvalorização frente ao dólar, aproximadamente 50% desde setembro de 2008, o que causou melhora nos preços internos, expressos em moeda local. Por outro lado uma forte queda na produção colombiana ocasionou a falta de cafés suaves colombianos e aumentou a demanda por seus substitutos, suaves de outras origens. Esta desvalorização do peso e aumento da demanda por cafés suaves podem favorecer as exportações mexicanas de café no ano de 2009.
O consumo per capita de café no México é baixo, em torno de 1,2 kg per capita. O consumo total dobrou nos últimos 4 anos e a grande maioria da população consome café solúvel. A cadeia produtiva mexicana trabalha para aumentar o consumo de café desde 2006, segundo um projeto originalmente desenvolvido com apoio da empresa brasileira P&A Marketing Internacional. O projeto de consumo da AMECAFÉ contempla diversas campanhas para promover o consumo de café no México.
FIGURA 7. Exemplos da campanha de promoção do consumo no México
Para os consumidores de alto poder aquisitivo, a campanha está direcionada para o consumo de cafés especiais. O mercado de casas de café teve um crescimento grande na preferência de jovens consumidores na idade escolar e universitária. Este mercado cresceu rapidamente e amadureceu, inclusive com investimentos estrangeiros, principalmente da Starbucks. Diversas redes de fast-food e lojas de conveniência estão presentes no país como a já citada Starbucks e o McCafé.
Oportunidades e ameaças à cadeia produtiva brasileira
A cafeicultura mexicana não pode ser considerada uma ameaça para a cafeicultura brasileira. Ao longo dos anos ocorreu uma forte redução da área plantada e da produção, sendo que o número de produtores aumentou, porém, a área média das propriedades foi reduzida para menos de 1 ha. Isto dificulta enormemente a difusão tecnológica e a comercialização da produção. Desse modo, apesar do país estar investindo em renovação de cafezais e ampliação da produção, um resultado positivo na balança comercial de café só deverá ser visto no médio e longo prazos e assim mesmo pode ser limitado pelo crescimento da demanda interna.
A saída encontrada pelos mexicanos para melhorar a renda do produtor foi investir nos mercados de nicho, como o orgânico, fair trade e outras certificações. Outra saída foi buscar o aumento do consumo doméstico de café, objetivando dar maior segurança aos produtores locais e reduzir sua dependência do mercado externo. Todos estes fatores levam a crer que as exportações mexicanas de café não deverão aumentar no curto prazo. Em 2009, a forte desvalorização do peso mexicano e a redução da oferta de café suave colombiano no mercado internacional, podem, porém, contribuir para um aumento momentâneo da exportação de cafés lavados mexicanos.
O México é um importador de café robusta para sua indústria de solúvel local, principalmente a Nestlé, com sua marca Nescafé. O país também importa extrato de solúvel e o café solúvel em si. Este é o motivo pelo qual surgem incentivos internos para a expansão do cultivo de Robusta no México, principalmente no estado de Veracruz. Esta expansão do robusta é uma ameaça para o conilon brasileiro e para a indústria de café solúvel do Brasil, pois o México é um importador destes produtos.
O mercado consumidor de café mexicano ainda tem um grande potencial de crescimento, porém, a competição por ele não envolve apenas indústrias nacionais, mas também grandes indústrias estadunidenses que podem exportar seu café ao México através de acordos bilaterais, como o NAFTA. Assim, se o café industrializado brasileiro desejar explorar este mercado, será necessário forte investimento em marketing.
As informações são do CIC - Centro de Inteligência do Café.