A safra 2020/2021 tem sido vista como positiva pelos especialistas, tanto no quesito quantidade, quanto qualidade. Os motivos envolvem a bienalidade positiva do grão arábica e a falta de chuva durante a colheita.
O presidente do Centro do Comércio de Café do Estado de Minas Gerais (CCCMG), Archimedes Coli Neto, aponta que o momento é propício para aproveitar as especulações favoráveis ao setor. “O mercado de café subiu e atingiu preço máximo em Nova Iorque. Com relação ao dólar, se for fazer a conversão, batemos recordes de preço. Isso não significa que a demanda está muito grande, nem que a safra é pequena ou que falte café. É apenas movimentação de fundos para ganhar dinheiro em cima de especulação. Nesse momento, essa especulação é favorável ao setor cafeeiro. Portanto, este é um bom momento para negócios”, explicou.
Presidente do Centro do Comércio de Café do Estado de Minas Gerais, Archimedes Coli Neto, diz que pandemia não afetou agronegócio — Foto: Luiz Valeriano/Comunicação CCCMG
No início do ano, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou uma expectativa de que o Brasil iria colher mais de 43 milhões de sacas de café arábica. Em relação à safra de 2019/2020, esse valor representa um aumento de 34%. O Centro do Comércio estipula que Minas Gerais colherá 32 milhões de sacas produzidas, sendo 17 milhões só no Sul de Minas.
Para Archimedes, os números reais podem superar os números da Conab. “A expectativa é uma safra muito boa. Tanto de volume como de qualidade. Eu acho que ela vai surpreender para cima. Os números serão superiores aos da Conab. É um ano de safra cheia e com boa qualidade”, apostou.
Em relação à pandemia, o coordenador Estadual de Cafeicultura da Emater-MG, Julian de Carvalho, afirmou que ela não atrapalhou a colheita, que já caminha para o fim. “Não há qualquer expectativa de prejuízo na safra 2020 por causa da pandemia. A exceção foram alguns atrasos pontuais para o início da colheita, por dificuldade em conseguir mão-de-obra”, contou.
Segundo ele, a colheita se concentra principalmente entre maio e agosto. “Se a previsão se confirmar, o aumento este ano será entre 25% e 30,7% em relação à safra passada. Lembrando que o café é uma cultura que apresenta bienalidade, ou seja, um ano de safra alta e outro de safra baixa. E 2020 será o ano de safra alta”, afirmou Julian.
Até nas cidades em que as prefeituras fizeram recomendações para a colheita de café, a interferência da pandemia foi quase nula. Cidades como Cabo Verde (MG), Nova Resende (MG), Campos Gerais (MG) e Três Pontas (MG) fizeram acompanhamento dos trabalhadores migrantes naquelas propriedades que não conseguiram manter mão de obra apenas local.
O Presidente do CCCMG garante que não apenas o café está bem, mas todo o agronegócio. “A agricultura está num momento muito bom. Não só o café como outros produtos como boi, frango, soja. Está tudo muito bom. A agricultura gera emprego e renda no Brasil nesse momento tão difícil. Estamos exportando como nunca. Talvez seja este o setor do Brasil que não desempregou, pelo contrário, gerou empregos”, finalizou Archimedes.
As informações são do G1 Sul de Minas – Grão Sagrado (por Jonatam Marinho).