O engajamento do setor privado no sentido de apoiar o Governo Federal a aprimorar as estatísticas geradas, sendo evidenciado o interesse de criação de um fórum permanente, no âmbito do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), para promover o ajuste no quadro de oferta e demanda do Brasil, com foco inicial na melhoria, principalmente, dos dados de estoques. Esse foi um dos principais encaminhamentos do Seminário "Estatísticas Brasileiras de Café - Aprimoramento Doméstico e Alinhamento Internacional", realizado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília, no último dia 11.
Participaram representantes da cadeia produtiva, do Governo Federal, de renomadas instituições de ensino e pesquisa, do agro com passagem relevante pela cafeicultura e do diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), José Sette. O Conselho Nacional do Café (CNC) sugeriu a apresentação de um Projeto de Lei para tornar obrigatória, em caráter confidencial, a informação ao Governo dos estoques carregados por todos os segmentos da cadeia do agronegócio café.
Também houve comprometimento dos representantes dos diferentes segmentos da cadeia produtiva em apoiar a divulgação, junto às suas respectivas bases, da metodologia adotada pela Conab para estimar as safras cafeeiras, cuja acurácia surpreendeu os presentes nos quesitos uso de sensoriamento remoto e tecnologias de geoprocessamento e tratamentos estatísticos.
O CNC entende e manifesta que a parceria público-privada é fundamental para garantir a atualização permanente das tecnologias e o mapeamento que embasam as previsões de safra de café realizadas pela Conab.
Após as apresentações e debates realizados, as principais conclusões tomadas foram:
1) Promover internalização da metodologia aplicada pela Conab nos levantamentos de safra nas regiões produtoras e entre os associados das entidades de representação nacional dos diferentes segmentos da cadeia produtiva e divulgar essa metodologia internacionalmente, pois o Brasil está muito avançado em relação a outros países produtores de café. Essa é uma forma de ampliar a credibilidade dos números gerados pela estatal, visto que há amplo desconhecimento sobre a forma como são executados os levantamentos de safra de café;
2) Estimular a parceria entre o setor privado e a Conab para que haja agilidade na atualização e na incorporação de novas tecnologias nos levantamentos de safra. Em relação ao aprimoramento do volume armazenado pelo setor privado, representantes da cadeia se comprometeram a efetivar esforço conjunto para o levantamento dos estoques e vendas de associados no mercado interno, propondo, futuramente, a assinatura de um termo de cooperação com a Conab;
3) Avaliar a possibilidade de contratação de auditoria independente para validar os resultados dos levantamentos da safra e do consumo brasileiros de café;
4) Estimular parcerias com universidades para o desenvolvimento de um modelo estatístico padrão de amostragem das propriedades dentro dos municípios e de modelo ‘agrometeorológico spectral’ para estimativa de produtividade;
5) Fortalecimento do papel da Conab como entidade responsável por efetuar o fechamento/balanço, por ano safra ou ano civil, do fluxo de oferta e demanda dos cafés brasileiros, para validação nacional e internacional dessa importante informação estratégica;
6) Criação de um ambiente permanente de diálogo entre os setores público e privado, no âmbito do CDPC, visando ao aprimoramento das estatísticas brasileiras de café.
7) Proposta de auditoria internacional nas estatísticas de safra, estoques e consumo do Brasil, com o objetivo de “marketing mundial”, a qual, diante do cenário de inconsistências dos quadros de oferta e demanda, pode ser um dos mecanismos de recuperação de credibilidade.
O CNC espera que este seja um primeiro passo em direção a um trabalho coordenado entre a cadeia produtiva e o Governo Federal para juntos alcançarem a credibilidade do sistema de estatísticas cafeeiras.