A Semana Internacional do Café (SIC) aconteceu na última semana e foi recheada de conteúdos, entre eles o painel “Política e Ações Estaduais para o Desenvolvimento da Cafeicultura”, coordenado pela secretária de Agricultura, Ana Maria Valentini, na quinta-feira (19). A discussão abordou investimentos em pesquisa e extensão rural, na sustentabilidade, qualidade e certificação.
Estavam reunidos, de forma on-line, representantes das secretarias de agropecuária de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Paraná e Bahia, que expuseram suas peculiaridades e principais investimentos na cafeicultura.
“Estamos aqui hoje para conversar com os secretários dos outros estados produtores e ouvir um pouco como está o andamento das culturas. Algumas regiões com excesso de chuva, outras com seca. E, por isso, vamos trocar experiências e tentar uniformizar nossas políticas púbicas para os próximos anos”, ponderou a secretária.
Ela destacou, ainda, o recorde histórico dos produtores mineiros de café, com 33 milhões de sacas, tornando o estado responsável por 54% da safra cafeeira do Brasil. “Tivemos um crescimento de 23% no volume e 8% no valor das nossas exportações. O café, realmente, ajuda muito o nosso estado e, por isso, a pesquisa não pode parar”, acrescentou Ana Valentini.
Gustavo Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, estado onde o café ocupa a 10ª posição no ranking do Valor Bruto da Produção (VBP), garantiu que o governo continua investindo muito forte em pesquisa e na sanidade do café. “Mas também estamos desenvolvendo um café sem cafeína, cuja demanda cresceu no mercado e, normalmente, é produzido de forma industrializada. Então, estamos trabalhando em uma variedade que já nasce no pé sem cafeína”, apresentou.
O Espírito Santo, segundo maior produtor de café do País, vem investindo forte na estratégia voltada para a qualidade e sustentabilidade, de acordo com o secretário de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Paulo Folleto. “Somos um dos poucos lugares do mundo onde os cafés canéfora (conilon) e arábica estão caminhando juntos, em qualidade e produtividade. No caso do conilon, atingimos 1,5 milhão de sacas de café especial. É um número diferenciado, já que o café gourmet requer um cuidado especializado. Felizmente, temos muitos produtores aderindo a este tipo de café”, pontuou.
Com uma produção estimada em 4,1 milhão de sacas, numa área de 106 mil hectares, a Bahia tem entre os principais desafios a ausência de um café mais tecnificado e a informalidade nas relações de trabalho nas lavouras. O superintendente de Política de Agronegócio da Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do estado, Eduardo Rômulo Nunes, destacou a criação do chamado Selo Bahia. “Com esse selo de identidade do café baiano, que deverá ser lançado no início de 2021, estamos tentando fazer que estes cafés especiais cheguem mais aos consumidores”, explicou.
Também participaram do evento virtual Marcelo Queiroz, secretário de Agricultura do Rio de Janeiro; Donalvam Moreira da Costa Maia, superintendente de Produção Rural Sustentável da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás; e Norberto Anacleto Ortigara, secretário de Agricultura e do Abastecimento do Paraná.
Cafeicultores
No próximo dia 4 de dezembro, em Muzambinho, no Sul de Minas, será realizada uma audiência pública com cafeicultores de todo o Brasil para discutir soluções para os problemas que serão enfrentados na safra 2020/2021, que tem previsão de queda por conta da seca que prejudicou muitas lavouras.
A informação foi divulgada na quinta-feira (19) pelo deputado federal Emidinho Madeira (PSB-MG) durante o painel “Política para o setor cafeeiro”, também durante a Semana Internacional do Café (SIC), conduzido pela secretária de Agricultura, Ana Maria Valentini, e que contou com a participação da Frente Parlamentar do Café da Câmara dos Deputados.
“A bienalidade negativa todos já esperavam, mas, para além disso, algumas regiões sofrerão com uma quebra de safra muito grande. As nossas equipes da Emater-MG, em parceria com a Faemg, já estão no campo, fazendo o levantamento do prejuízo dessa seca. Mas, por isso, estamos reunidos aqui para debatermos com os deputados federais sobre quais são as nossas opções de políticas públicas para socorrer os produtores diante de uma dificuldade tão grande”, ponderou a secretária Ana Valentini.
O presidente da Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), Carlos Augusto Rodrigues, enfatizou as dificuldades que deverão ser enfrentadas. “Será um ano de menor produção e, tirando isso, temos a questão do tempo, totalmente instável. Em nossa região de atuação, a quebra será muito grande, mas ainda não temos como prever números. Só em janeiro poderemos fazer uma previsão melhor do que será a safra”, pontuou.
Presidente da Frente Parlamentar do Café, o deputado federal Emidinho Madeira contou que deu entrada na quinta (19), na Câmara, de um requerimento para tratar do assunto na casa no dia 10 de fevereiro de 2021. “Vamos nos reunir no dia 4 de dezembro, iniciar todo o levantamento de dados com o apoio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), da Emater-MG, das cooperativas e de outras empresas, para que, em fevereiro, tenhamos os números para aprofundarmos mais no assunto”, ponderou.
Também presente no encontro, o deputado federal Diego Andrade destacou que, na quarta-feira (18), graças aos esforços dos parlamentares da Frente, foi possível evitar que entrasse em pauta um projeto que tiraria o superávit de 29 fundos, entre eles o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que poderá ser fonte de aportes para socorrer os cafeicultores afetados. “Eu, junto dos deputados Emidinho e Evair Vieria, apresentei uma emenda para retirar o Funcafé dessa lista do Projeto de Lei Complementar 137/2020. Felizmente, nós conseguimos um acordo”, detalhou.
As informações são da Ascom/Seapa.