O Sebrae Rio de Janeiro conta com um projeto intitulado Vocações Regionais da Cafeicultura Fluminense, que tem o intuito de revitalizar o Vale do Café do estado, área que no passado produzia os grãos e impulsionava a região. O projeto teve início em 2014 com a coordenação do professor da Universidade de Lavras, Flávio Borém.
Na última quarta-feira, o Sebrae divulgou o grande vencedor do Concurso de Qualidade do Café do Rio de Janeiro, que ocorreu na Fazenda Florença, com apoio da Emater-Rio, do Centro do Comércio do Café do Rio de Janeiro e da Associação Brasileira de Cafés Especiais. O concurso foi aberto para todos os produtores do estado, com inscrição gratuita. Cinquenta e quatro cafeicultores se inscreveram, 45 do Noroeste e 9 da região Serrana. A seleção dos 10 melhores cafés foi realizada em quatro etapas: análise física e eliminatória, seguida de degustação, conforme a metodologia de análise sensorial de cafés especiais da SCA (Specialty Coffee Association).
Os dez cafeicultores finalistas foram Carlinda Bendiade de Oliveira Vargas, Fidélis José de Oliveira Rodolphi, José Ferreira Pinto, Lázaro Silva Gualtieri Rosa, Marcos Fernando Pelegrini Menezes e Rafael José Duarte Fernandes (Noroeste Fluminense); Moacyr Carvalho Filho, Everardo Tardin Erthal e Maria Adriana Monnerat Erthal (Região Serrana I – Bom jardim) e Inês Zoli (Região Serrana II - Petrópolis).
Os cafés foram analisados por seis baristas e pelo professor Flávio Borém. A grande vencedora foi Inês Zoli Tassinari (in memoriam), que foi representada por seu filho, Paulo Tassinari, de São José do Vale do Rio Preto, na região Serrana. O café obteve 87,31.
A família Tassinari produz café desde 1982. “Optamos por fazer um café natural e este resultado foi fruto de muito trabalho. Adubamos a área apropriadamente, desenvolvemos essa técnica com uma junção de vários fatores. Este café foi composto de pequenos lotes, todos da mesma área, com processos trabalhados naturalmente. Acho que foi o espírito bom da minha mãe que nos abençoou”, disse Paulo.
O segundo lugar ficou com Carlinda Vargas, de Varre-Sai, no Noroeste fluminense, com 86,25 pontos. No terceiro lugar houve empate entre Everardo Tardin Erthal, de Bom Jardim, e Fidélis José de Oliveira Rodolphi, também de Varre-Sai, ambos com 85,25 pontos.
Para Lídia Espíndola, gestora do projeto, o importante é dar visibilidade aos cafés especiais produzidos no estado. “Nós precisamos divulgar o nosso produto para o trade, incluindo baristas, torrefadores, jornalistas, acadêmicos. Mostrar que o Rio de Janeiro produz cafés especiais e atrair compradores. O resultado foi além das nossas expectativas”, conta.
Para Borém, o que o deixa feliz é ver cafés exóticos, com frutas, outro suave, outro com mel. “Além de quebrar o paradigma de que o Rio não produz cafés especiais, nós mostramos que produz sim e com diversidade de sabores”, completa.
Lidia também destacou o fato desta final ter sido realizada no Vale do Café. “Realizamos esta final no Vale do Café para aproximar os cafeicultores das três regiões produtoras, sendo o Noroeste e a Serrana com produção já desenvolvida, e o Médio Paraíba reiniciando o cultivo através do projeto de reintrodução do café, desenvolvido pelo Sebrae Rio”, ressaltou.
Após o anúncio da classificação, os dez lotes finalistas foram vendidos em um leilão, com lance de 600 reais para o 10º lugar e de 12 mil reais para o primeiro colocado. Os dez cafés finalistas receberam certificado e laudo técnico com a descrição sensorial e a pontuação obtida, e poderão participar do Cupping dos Cafés do Rio de Janeiro durante a Semana Internacional do Café, que será realizada em Belo Horizonte, de 7 a 9 de novembro.