A consultoria Safras & Mercado estima uma queda de 17,8% na colheita de café em 2021, por conta da severa seca do ano passado que aprofundou as perdas já previstas pela bienalidade negativa do grão. Segundo o consultor Gil Barabach, a safra brasileira está estimada em 57,1 milhões de sacas de 60 kg, contra as 69,5 milhões de sacas em 2020.
A produção brasileira de café só não será ainda menor em 2021 porque a colheita de canéfora (conilon) deverá ser grande, sendo estimada em 21,9 milhões de sacas, enquanto que são esperadas 35,2 milhões de sacas de arábica.
Para o analista, as lavouras de canéfora estão em melhores condições e a safra deverá crescer, enquanto que a colheita de arábica deve cair 30% ante 2020. Além da seca, temperaturas acima da média durante a formação de grãos e chuvas irregulares após floradas colaboram para derrubar a produção de arábica em 2021.
Com o recuo na safra, a produção brasileira deverá ser insuficiente para atender a demanda, notou o analista. Mas o Brasil conta com estoques iniciais maiores em 2021/2022, de quase 5 milhões de sacas, em comparação com 1,7 milhão de sacas no início da temporada anterior. De acordo com Gil Barabach, esses estoques aliviam um pouco o “cenário de melhora de preços”, que mesmo assim é altista.
Em relação às vendas de café da safra de 2021, que deverá começar a ser colhida entre os meses de abril e maio, poderão atingir 21% do potencial produtivo, e só não estão mais avançadas “devido ao risco de não ter café para entregar” por conta da quebra de safra.
Os números consideram vendas até 9 de fevereiro. Até dezembro de 2020, a comercialização havia atingido 19% do potencial produtivo. Considerando o percentual mais recente, o País já vendeu cerca de 12 milhões de sacas.
Segundo dados da Safras, Minas Gerais já comercializou 33% de sua safra esperada, enquanto que São Paulo vendeu antecipadamente 41% da produção futura. Com um cenário de preços firmes, o Brasil já vendeu entre 12% e 15% da safra de 2021/2022, acrescentou o analista.
No que diz respeito à produção do ano passado, as vendas do Brasil atingiram 83% da safra até 9 de fevereiro, resultado acima da média histórica, que é de 80% para o período.
As informações são da Reuters.