Por Camila Cechinel 

Quem visitou a Semana Internacional do Café (SIC), que aconteceu de 25 a 27 de outubro no Expominas, em Belo Horizonte (MG), pôde conferir os resultados da Pesquisa CaféPoint Colheita Cafeeira Safra 2017. No estande do CaféPoint, uma televisão e um computador exibiam as principais queixas dos produtores do Brasil em relação à temporada 2016/2017. Infestação da Broca-do-Café, ausência de chuvas e diminuição das peneiras mais altas estavam entre os assuntos abordados.


                                   Foto: Camila Cechinel/Café Editora 

Este ano, o questionário da Pesquisa ficou disponível para respostas do dia 28 de agosto a 06 de outubro. Ao todo, 322 produtores de arábica e conilon participaram do estudo, com o objetivo de traçar um diagnóstico fiel do que realmente aconteceu na safra. Além das 24 perguntas que compuseram o levantamento, relatos dos produtores feitos através dos canais de comunicação do site CaféPoint e fotos enviadas pelos próprios leitores foram considerados para análise. 

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Para o assessor técnico da Comissão Nacional de Café da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Maciel Aleomir da Silva, apesar do volume de respostas ter sido inferior ao ano passado, onde mais de 500 produtores participaram do questionário, houve uma representatividade interessante de grandes regiões produtoras do país. 

"Os dados sobre a Broca no Cerrado Mineiro [83% das lavouras infestadas] e em São Paulo [53%] corresponderam ao que a gente esperava, devido a uma cafeicultura mais mecanizada. Nesse método de colheita, normalmente não é feita  a retirada dos frutos da planta e do chão, para o melhor controle da praga", disse. 

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Ainda sobre o assunto, 70% dos produtores, em nível Brasil, que participaram da Pesquisa, afirmaram que fazem uso do controle químico convencional (inseticida) para diminuir a presença do inseto no cafezal, o que, segundo Silva, comprova a ineficiência dos produtos do mercado. Na SIC, inclusive, a CNA divulgou materiais informativos sobre o manejo adequado das plantações, incentivando a retirada dos frutos da planta e do chão no pós-colheita.

"As infestações continuam em níveis alarmantes e trazem impactos para toda a cadeira produtiva: produtores, indústria e exportação", disse Silva. 

Mesmo que as condições climáticas da safra 2016/2017 tenham favorecido a diminuição do tamanho das peneiras mais altas dos grãos, interferindo diretamente no rendimento da produção, um grande percentual de respostas dos cafeicultores mostrou que o café bebida dura para melhor foi a maioria este ano, ficando acima de 80% em nível Brasil. 

"Falar da ausência de chuvas é complicado, porque nem sempre o produtor tem em mente o quanto choveu no período da Pesquisa. Ele lembra, com mais facilidade, dos acontecimentos recentes, que afetarão a safra do ano que vem", explica o assessor. 

Para conferir a análise completa da Pesquisa CaféPoint Colheita Cafeeira Safra 2017, clique aqui.

Semana Internacional do Café 2017

Com uma programação voltada para todos os segmentos, da lavoura ao consumidor final, a Semana Internacional do Café (SIC) recebeu centenas de visitantes em busca de conhecimentos e mais informações sobre o mundo do café. Para Silva, a cada ano a feira evolui mais, mas em relação ao ano passado este, com certeza, foi um evento ainda maior.  

"A SIC 2017 concretizou a internacionalização da feira. Nos outros anos a participação de estrangeiros era mínima, mas esse ano houve um volume maior. E de produtores também: a gente sabe quem é do campo só pelo olhar", disse o assessor, acrescentando: "esse contado direto com cafeicultores, compradores e formadores de opinião foi uma evolução em relação a 2016". 

No evento, a Comissão Nacional de Café da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) fez uma reunião com a Comissão Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG) para levantar as principais demandas dos produtores: "voltaremos a falar da Broca no ano que vem e faremos uma força-tarefa para elaborar um conjunto de ações contra a praga", finalizou Silva.