A estimativa inicial da CONAB – a agência do Governo do Brasil responsável pela previsão de safras – é de uma produção de 47 a 50,2 milhões de sacas, exercendo uma pressão baixista sobre o mercado. No ano civil de 2012 o total das exportações alcançou um recorde de 113,1 milhões de sacas, 8,2% acima do total de 2011, devido predominantemente ao embarque de grandes volumes de café Robusta.
Gráfico 1: Preço indicativo composto diário da OIC
Evolução dos preços
No início de janeiro o preço indicativo composto diário da OIC subiu brevemente, de uma baixa de 132,89 centavos de dólar dos EUA por libra?]peso para uma alta de 139,44 centavos; depois, no final do mês, ele retrocedeu a seu nível inicial. A média mensal terminou em 135,38 centavos, 3,1% acima da média de dezembro, mas ainda bem abaixo dos níveis de 2012 (gráfico 1). Os três grupos de Arábicas foram os motores desta evolução. Os preços dos Suaves Colombianos, Outros Suaves e Naturais Brasileiros subiram 2,9%, 3% e 3,2%, respectivamente, mas no final do mês estavam abaixo dos níveis do início. Os preços dos Robustas também subiram no decorrer do mês, e o preço indicativo do grupo ultrapassou brevemente os 100 centavos de dólar dos EUA por libra-peso pela primeira vez desde novembro de 2012, antes de terminarem numa média mensal de 99,69 centavos, 3,2% acima da média de dezembro de 2012 (gráfico 2).
Quanto aos diferenciais de preços, a arbitragem Nova Iorque-Londres aumentou um pouco (+2,8%), passando a 65,44 centavos de dólar dos EUA por libra-peso. Esse nível, entretanto, ainda é de menos da metade do de janeiro de 2012 (gráfico 3). Também aumentaram os diferenciais dos preços indicativos dos três grupos de Arábicas com o dos Robustas.
Gráfico 3: Diferencial entre os preços de futuros de Nova Iorque e Londres
Fatores fundamentais do mercado
O total da produção no ano-safra de 2012/13 no momento é estimado em 144,5 milhões de sacas,correspondendo a um aumento de 7,3% em relação a 2011/12. Nas regiões de cafeicultura do Brasil, algumas semanas de precipitação abaixo da média foram seguidas por períodos de chuva farta em janeiro, um bom presságio para a safra de 2013/14. Em sua estimativa preliminar da safra, a CONAB calculou que ela seria de 47 a 50,2 milhões de sacas, provavelmente um recorde para um ano de baixa no ciclo produtivo bienal do país. O total compreenderia de 35 a 37,5 milhões de sacas de Arábicas, ante 38,3 milhões em 2012/13; e 12 a 12,7 milhões de Conillon, ante 12,5 milhões no ano-safra anterior. Como indica o gráfico 4, as fases do tradicional ciclo produtivo bienal dos Arábicas do Brasil parecem estar convergindo.
Gráfico 4: Produção de Arábicas do Brasil e mudanças percentuais de ano para ano
Na América Central, surtos de ferrugem do café foram reportados nos principais países produtores, sem exceção. Na Costa Rica as autoridades declararam um estado de emergência para enfrentar a propagação do fungo. Há notícias de que na Guatemala e em El Salvador a ferrugem pode ter afetado 40 a 50% de todos os cafeeiros; os dois países estão realizando programas para fornecer fungicidas aos cafeicultores. Recentemente a Nicarágua também lançou uma campanha para treinar especialistas e cafeicultores no combate à propagação. Honduras declarou uma emergência fitossanitária. Também se tem notícia de ferrugem em certas partes do México. Os surtos atuais podem ter sérias implicações de longo prazo para a produção de Arábica lavado na América Central, com uma queda potencial da produção regional de 2,5 a 3 milhões de sacas de café. É muito cedo, contudo, para fornecer uma discriminação exata.
Em dezembro de 2012 o total das exportações de todos os países exportadores alcançou 9,4 milhões de sacas, elevando o total exportado nos três primeiros meses do ano cafeeiro de 2012/13 a 28,3 milhões de sacas (quadro 3). Esse volume representa um aumento de 15% em relação ao do mesmo período do ano anterior. Além disso, o total das exportações registrou um volume recorde de 113,1 milhões de sacas em 2012 – o maior de que se tem notícia, e 8,2% acima do volume exportado em 2011. Em 2012 foram particularmente expressivos os embarques de Robustas, que aumentaram 24,2% em relação a 2011.
Como indica o gráfico 6, em 2012 a participação percentual dos Robustas subiu para 41,2%, de 35,9% em 2011. A maior parte desse aumento procede do Vietnã, que em 2012 exportou um volume calculado em 25,5 milhões de sacas, ou seja, 44,1% mais que em 2011; e da Indonésia, que exportou 6,2 milhões de sacas, 80% a mais. O Brasil, a Colômbia e o Peru, por outro lado, exportaram menos que no ano anterior. Respectivamente, seus embarques caíram 15,6% para 28,3 milhões de sacas; 7,3% para 7,1 milhões de sacas; e 8,2% para 4,3 milhões de sacas. Apesar dos embarques expressivos de Robustas nos 12 últimos meses, os estoques certificados da bolsa de futuros de Londres diminuíram.
Em dezembro de 2012, eles consistiam em 1,8 milhão de sacas, em contraste com 4,3 milhões em dezembro de 2011. Já na bolsa de futuros de Nova Iorque, os estoques certificados aumentaram, passando de 1,7 milhão de sacas em dezembro de 2011 a 2,9 milhões em dezembro de 2012 (gráfico 5). Essa tendência dá uma indicação da apetência do mercado por café Robusta.
Gráfico 5: Estoques certificados das bolsas de futuros de Londres e Nova Iorque
O dinamismo das exportações dos países exportadores nestes últimos anos também levou a uma redução de seus estoques iniciais, que no começo do ano-safra de 2012/13 haviam caído para 15,3 milhões de sacas, de 18,2 milhões no ano-safra anterior.
Gráfico 6: Total das exportações de todos os países exportadores, por tipo de café
As informações são da OIC, adaptadas pelo CaféPoint.