A valorização do Real brasileiro está levando a uma força inesperada nos preços do café arábica, comparado com os preços do robusta – ajudando a diferença entre as duas variedades a alcançar o maior valor em 14 meses.

Somente considerando a produção, os futuros nos grãos robusta podem ser considerados como provavelmente o direcionador dos dois tipos de café, considerando as preocupações da seca sobre as plantações no Vietnã, maior produtor dessa variedade, bem como em outros importantes países produtores.

“Está muito seco em regiões produtoras de robusta no Brasil, com o resultado de que a colheita agora está ainda menor após um ano anterior decepcionante”, disse o Commerzbank. “A escassez de café robusta é exacerbada pela seca prolongada em outros países produtores, como Vietnã, Indonésia e Índia”.

Entretanto, nos mercados futuros, os preços do café arábica comercializados em Nova Iorque realmente superaram os de café robusta comercializado em Londres, em particular durante as últimas seis semanas ou mais.

Desde o final de maio, os futuros do arábica para setembro aumentaram em 20%, comparado com um aumento de 8,7% nos futuros do robusta em setembro. “A diferença entre arábica e robusta, conforme medido nos mercados futuros, aumentou em 20,4%, para 62,23 centavos por libra, seu nível mais amplo desde abril do ano passado”, disse a Organização Internacional de Café (OIC).

Nos indicadores de preço composto mantidos pela OIC, o arábica também superou, com os grãos naturais brasileiros, por exemplo, aumentando em 7,2% no mês passado – três vezes a valorização dos grãos robusta.

Enquanto o Brasil, maior produtor de café arábica, está trabalhando em uma colheita maior da variedade, em contraste com a produção prejudicada de robusta, a OIC sinalizou o impacto do Real mais forte nas tendências dos mercados de café.

O aumento nos preços do café arábica “tem sido acompanhado de perto pelos movimentos na taxa de câmbio entre o Real brasileiro, que também alcançou seu maior nível contra o dólar desde julho de 2015. Isso reduzirá o incentivo para os exportadores no Brasil liberarem seu café ao mercado internacional, especialmente com os estoques domésticos suspeitos de caírem”.

“A forte colheita de café arábica do Brasil nesse ano, estimada pela Conab como se recuperando em 26%, para 40,3 milhões de sacas, segue duas estações de colheitas decepcionantes, ainda que exportações resilientes, deixando os estoques em níveis baixos”.

As exportações de café brasileiro de ambos os tipos começaram a mostrar declínios com relação ao ano anterior – apesar de particularmente para os envios de robusta, que caíram em 83% com relação ao ano anterior em maio, para 66.868 toneladas, de acordo com o grupo de exportadores Cecafé.

As exportações de arábica caíram em uma porcentagem mais modesta de 4,8%, para 2,11 milhões de toneladas.

Entretanto, a queda nas exportações de robusta brasileiro foram compensadas por um aumento nas exportações do Vietnã, encorajadas pelos maiores preços mundiais.

As exportações do Vietnã no mês passado, de 160.000 toneladas, equivalentes a 2,67 milhões de sacas, aumentaram em 46%, de acordo com estimativas do governo, com as exportações totais para 2015/2016, começando em outubro, em 1,32 milhão de toneladas, um aumento de 32% com relação ao ano anterior.

Na verdade, a extensão dos grãos robusta vietnamitas também começou a levantar preocupações referentes a queda nos estoques aqui também.

“Se incluir 3 milhões de sacas do consumo doméstico de outubro a setembro, o Vietnã já usou sua colheita inteira [2015/2016] e está vivendo dos estoques a partir de julho. Ainda faltam três meses da estação de exportação (julho-setembro) e, então, um período fraco entre outubro e novembro, até a nova colheita estar disponível”.

As informações são do Agrimoney/ Tradução por Juliana Santin