Na última semana, as cotações do café em Nova York tiveram alta de 7% e, até 13 de abril, atingiram 8%. Os preços do segundo contrato quebraram as resistências de 183 e 189 c/lb, agora testando o nível de 195 c/lb.
O aumento dos preços encontrou força em três principais fundamentos: o Real, o clima brasileiro e as exportações brasileiras. Primeiro, a taxa de câmbio USD/BRL atingiu o nível mais baixo em quase dez meses, em 4,92, o que forneceu suporte para os preços do café. O Real refletiu o movimento do índice do dólar, as expectativas indicam que o mercado de trabalho americano está gradualmente perdendo fôlego, ao lado de dados econômicos que mostram arrefecimento da inflação no país.
Ainda assim, existem fundamentos específicos do Real que também sustentam o avanço da moeda brasileira. O arcabouço fiscal está em discussão e, após esse período - onde ainda é esperada alguma volatilidade -, a moeda brasileira tem espaço para se valorizar ainda mais em relação ao dólar.
Em segundo lugar, as exportações brasileiras ficaram abaixo da média mais uma vez. As exportações de arábica, em março, costumam ser de 2,8M scs. Apesar do aumento mês a mês - que coincidentemente está muito fora da sazonalidade (+30% vs. +5% em média) - devido ao avanço nos níveis de comercialização, as exportações de arábica chegaram a 2,6M scs, ainda abaixo dos níveis normais para o período.
Esperamos que o Brasil exporte 7-8,2M scs nos últimos três meses do ciclo 22/23, totalizando entre 30,9 e 32,6M scs neste ciclo, 1-6% a menos que em 21/22.
Clima brasileiro
Com a colheita já em andamento nas áreas de canéfora e próxima ao seu início nas áreas de arábica, a previsão de chuvas de até 600% da média trouxe preocupações, principalmente em termos de qualidade. As chuvas, a essa altura, poderiam derrubar os frutos das árvores e, em condições extremas, levá-las a fermentar no solo, o que diminuiria a uniformidade de qualidade esperada para a safra deste ano. Para as próximas duas semanas, todas as áreas de café, exceto o Atlântico Baiano, devem receber chuvas de pelo menos 150% do normal.
As informações são do hEDGEpoint Global Markets.