A demanda global por café deverá cair um milhão de sacas de 60 kg este ano, com o consumo impactado pelos efeitos da covid-19, de acordo com o último relatório do Coffee Outlook, do especialista em agronegócio Rabobank.
O Rabobank estima que a demanda global de café cairá 0,8%, para 164,1 milhões de sacas em 2020. O relatório diz que certos segmentos de café permanecem precários - em particular o consumo fora de casa - com o banco diminuindo suas expectativas de demanda em vários países devido à extensão dos bloqueios e aos grandes aumentos no desemprego - particularmente em países sem benefícios de desemprego - como resultado da pandemia.
O analista sênior do Rabobank Agri Commodity Markets Research, Carlos Mera, afirmou que, embora as estimativas ainda sejam preliminares, a demanda por café deverá cair 2% nos Estados Unidos no ano civil de 2020, impactada pelo declínio nas compras de café fora de casa e pelo baixo nível de benefícios de desemprego do país, reduzindo os gastos dos consumidores. Segundo ele, as vendas mais altas de café em supermercados dificilmente compensariam a queda no consumo fora de casa, testemunhada em abril.
"Na Europa, não esperamos uma queda tão grande na demanda porque os níveis de renda dos desempregados são mais protegidos na maioria dos países da UE", diz Mera.
A pesquisa acredita em uma redução de 0,5% na demanda de café em 2020 nos países da União Europeia, com o declínio concentrado no Reino Unido, onde há uma cultura de chá em casa, bem como menores benefícios de desemprego e no sul da Europa, em que houve um menor volume de turistas.
Enquanto isso, a produção global de café permanece relativamente sem interrupções, com exceção de possíveis atrasos no nível da fazenda e do porto, diz o relatório. As colheitas atuais estão avançando "mais ou menos normalmente", embora no Brasil a colheita esteja coincidindo com o pico projetado das taxas de infecção por covid-19.
“No Brasil, a grande colheita de arábica 2020/2021 está começando em praticamente todas as regiões. Os preparativos foram feitos e, até onde sabemos, não há falta de mão-de-obra por enquanto, embora o pico da colheita seja em junho/julho”, diz Mera.
Na frente de preços - assumindo que não há grandes interrupções na produção e demanda enfraquecida - o relatório espera que os preços das commodities em dólares do café caiam no curto prazo, impactados pela fraqueza das moedas no Brasil e na Colômbia, outro importante produtor de café.
O Rabobank diz que isso pode anunciar boas notícias para cafés e pontos de venda de alimentos que tentam se recuperar após os bloqueios da covid-19. A Austrália, por exemplo, é um país que pode se beneficiar da queda nos preços das commodities, diz Charles Clack, analista de commodities do Rabobank Austrália.
“De fato, menos compras fora de casa sofreram uma pressão descendente sobre várias commodities em todo o mundo, o que poderia fazer com que os preços dos ingredientes crus para o setor de cafés e restaurantes da Austrália, incluindo café e açúcar, diminuíssem. Isso pode ajudar essas empresas à medida que elas saem do bloqueio da covid-19 e durante o próximo ano ou mais”, diz Clack.
As informações são do Global Coffee Report / Tradução Juliana Santin