O Quênia pretende remover intermediários do setor cafeeiro através de novos regulamentos que exigem que agricultores ingressem nas sociedades cooperativas como condição para acessar fundo de US$ 30 milhões.
O Coffee Cherry Advance Revolving Fund, que faz parte dos regulamentos, fornecerá avanços acessíveis e sustentáveis aos pequenos cafeicultores. O fundo faz parte dos esforços para aliviar os problemas de 700 mil produtores que variam entre pagamentos atrasados, má administração e ineficiências nas cooperativas, leis restritivas, alto custo de produção e falta de acesso direto ao pregão da bolsa de café.
Em algumas partes do país, particularmente na região central do Quênia, os agricultores têm arrancado seus cafeeiros em busca de opções mais lucrativas. “A tarefa que temos pela frente é assustadora, mas não impossível. Você precisa devolver ao cafeicultor os ótimos retornos da década de 1970 e ainda mais”, disse Peter Munya, secretário de gabinete para indústria, comércio e cooperativas. Os adiantamentos do fundo seriam baseados no café entregue às sociedades cooperativas ou à Nova KPCU.
De acordo com os regulamentos, somente os agricultores que são membros de uma sociedade cooperativa de café registrada ou afiliada à União Cooperativa dos Novos Plantadores do Quênia (Nova KPCU) serão elegíveis para se beneficiar do fundo. Os regulamentos impedem os agricultores de vender café a intermediários que foram amplamente acusados de empobrecer os pequenos produtores.
No Quênia, o setor cafeeiro está em profunda crise, caindo de uma produção de 130 mil toneladas na década de 1980 para 40 mil toneladas atualmente. O governo está implementando uma série de reformas destinadas a aumentar a produção para mais de 100 mil toneladas até 2022.
Na safra 2018/2019, o país registrou um declínio de 20,3% nas receitas de exportação do grão, para US$ 102 milhões, atribuído em grande parte aos preços em queda no mercado internacional, que passaram de US$ 1,43 por libra para US$ 0,97 por libra em dois anos. Apesar da pouca produção em nível global, os grãos quenianos são altamente considerados pelos mercados de mistura e especialidade.
Os países regionais emergiram como os principais produtores. A Etiópia superou o Quênia como o maior produtor de café da região, com sua produção atualmente em cerca de 7,5 milhões de sacas por ano. Uganda é o segundo maior exportador, faturando US$ 436 milhões com a safra de 2018. Ruanda também está emergindo como um importante produtor de café, faturando US$ 70 milhões em 2018.
Embora a produção esteja em declínio no Quênia, no cenário global aumentou significativamente. Dados da Organização Internacional do Café (OIC) mostraram que a produção mundial em 2018/2019 foi de 168,55 milhões de sacas, excedendo o consumo mundial de 164,8 milhões de sacas.
As informações são do The East African / Tradução Juliana Santin