Produtores do Cerrado Mineiro estão preocupados com as condições das lavouras. Após uma colheita volumosa e de muita qualidade, a nova safra já começa com potencial de perda de produtividade, consequência da falta de chuvas e das altas temperaturas.
“A situação é de calamidade e o setor ainda não entendeu a gravidade do problema", afirma Marcelo Barbosa, produtor de café em Campos Altos (MG). Segundo ele, não chove de maneira expressiva na região desde março e a última precipitação na sua lavoura foi há duas semanas, mas com acumulado de apenas 7 mm.
"Posso te dizer com toda certeza que nossa produção vai ser muito inferior que em 2019", comenta. Marcelo conta que na safra passada a colheita não ultrapassou 10 sacas por hectare. Os números chamam atenção, tendo em vista que para a safra 2020, o produtor atingiu uma média de 60 sacas por hactare.
A última chuva, em agosto, não aliviou as condições do solo, mas foi suficiente para abertura de florada em diversas regiões do estado mineiro. De acordo com José Donizeti Alves, professor e pesquisador da Universidade Federal de Lavras (Ufla), a florada abriu entre 20% e 30% da área de produção de café de Minas Gerais. Deste montante, devido às condições climáticas, pelo menos 50% não deve ter um pegamento de florada satisfatório para a próxima produção.
"O inverno foi muito seco e com temperatura muito elevada. Tivemos essa chuva que abriu a florada e a dúvida agora é saber se vai ter o pegamento ideal. As previsões nos indicam chuvas apenas no dia 30 de setembro e pode ser muito tarde", comenta José.
Segundo o pesquisador, as condições são graves tanto para as lavouras com irrigação e para os produtores que ainda produzem em sequeiro. "Depois que a flor abriu, durante os próximos 15-20 dias nós precisamos de umidade e temperaturas mais amenas, o que não está acontecendo", complementa.
Para os produtores que não trabalham com irrigação, a preocupação é dupla, tendo em vista que não há formas para lidar nem com a umidade do solo e nem com o calor excessivo. "Infelizmente não há nada o que o produtor possa fazer para minimizar esses problemas agora. Claro que as lavouras bem nutridas e que tiveram os tratos no pós-colheita vão sentir menos o impacto. Mas também me preocupa lá na frente, quando o fruto começar a crescer e, quando chegar em outubro e novembro, não haverá enchimento de grão", explica José.
As informações são do Notícias Agrícolas.