Minas Gerais conta com uma produção de café em quase 500 municípios e emprega, direta e indiretamente, mais de 2 milhões de pessoas. Para 2020, a safra tende a ser histórica, ultrapassando 30 milhões de sacas. Diante disso, medidas para evitar a disseminação do vírus e proteger os trabalhadores já foram tomadas.
Dentre as ações, foram produzidos dois informativos pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) – um sobre as deliberações relativas ao trânsito interestadual de trabalhadores no período de quarentena e o outro com recomendações a respeito da colheita de café – e elaborada uma cartilha pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), também com orientações ao produtor desde o momento da contratação da mão de obra até as ações de prevenção no dia a dia da colheita.
No campo, o apoio tem feito a diferença. Thiana Luvizotto, produtora do município de Imbé de Minas, no Vale do Rio Doce, explica que a parceria com as famílias que realizam a colheita na sua propriedade tem evitado aglomerações, permitindo que o trabalho aconteça sem empecilhos.
“Desde 2017, quando conhecemos a Emater, percebemos que precisávamos não apenas aumentar a produção, mas também a qualidade do nosso produto. Começou aí todo o processo de reestruturação do modelo de gestão e isso trouxe um novo horizonte para o nosso trabalho. Hoje, a cafeicultura é, para nós, sinônimo de vida”, relata.
Em parceria com a Seapa, a Emater-MG, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizaram o mapeamento de todo o parque cafeeiro do estado.
“Essa ação nos fornece informações estratégicas para conhecermos nossa real área plantada, tomarmos decisões e inibirmos especulações de mercado sobre safras. É um trabalho constante de monitoramento e atualização”, explica o coordenador técnico de Cafeicultura da Emater-MG, Bernardino Cangussú.
Para José Maria de Oliveira, cafeicultor do município de Campos Altos, no Alto Paranaíba, a ponte para comercialização com outros países já está consolidada e deve trazer cada vez mais resultados para Minas. O Estado almeja o mercado asiático.
“Já vendemos para os Estados Unidos, Alemanha e Argentina, sendo que a expectativa é ampliar ainda mais nosso alcance. Nosso produto está acima dos 80 pontos na escala internacional, o que nos confere um status especial. Mas o estado, de forma geral, tem um potencial enorme e um futuro promissor”, afirma Oliveira.
Se a posição ocupada pelo Brasil já é favorável entre os grandes exportadores de café, a expectativa é que no futuro, com a abertura de novos mercados, as possibilidades se tornem ainda maiores. A análise é do assessor técnico especial para o Café da Seapa, Niwton Castro Moraes.
Ele explica que, na escala internacional que uniformizou o entendimento sobre a qualidade dos cafés, com notas de 0 a 10, o Brasil tem obtido classificações superiores a 8. A avaliação positiva tem agregado valor ao grão brasileiro.
“É um caminho que aponta para uma demanda cada vez maior por cafés de alta qualidade. Hoje, o segmento já cresce cerca de 15% ao ano no mundo, enquanto para o café tradicional commodity o crescimento é de 2%. O Brasil já exporta para 137 países, mas sabemos que há uma nova fronteira de consumo na Ásia, principalmente na China e Índia, que concentram um terço de toda população mundial”, conclui.
As informações são da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais.