Como já era esperado, a safra 2021/2022 será menor que a do ano passado por conta do fenômeno da bienalidade, quando, após um ano de produtividade elevada, a expectativa é de diminuição nos números da safra seguinte.
Em anos assim, a recomendação de especialistas é para que os cafeicultores intensifiquem, ainda mais, os tratos culturais e cuidados visando à qualidade final do produto. “Uma safra menor, mas com uma qualidade melhor, pode refletir em ganhos para o produtor”, aponta o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Gladyston Carvalho. A instituição mineira de pesquisa é vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
Neste ano, o fator climático também tem preocupado os produtores de diferentes regiões em Minas Gerais. Entretanto, no mês de fevereiro, as chuvas elevaram as expectativas por uma boa formação e desenvolvimento dos grãos. “As chuvas no fim do ano passado não foram muito boas, mas neste mês já choveu bastante e as lavouras estão se recuperando bem. A gente tem visto no campo, onde acompanhamos experimentos, que os produtores estão cuidando da lavoura. A depender do clima durante a colheita, podemos ter cafés com qualidade muito elevada”, acrescenta o pesquisador.
A qualidade na produção depende do emprego de tratos culturais adequados, nas épocas corretas. “Não se pode atrasar as adubações de solo e é preciso ter muito cuidado em relação ao controle das pragas e doenças e ao manejo das plantas daninhas. É necessário assegurar que o cafeeiro seja muito bem nutrido, que não ocorra mato-competição e desfolha devido aos ataques de pragas e doenças, garantindo, assim, que a lavoura esteja preparada para o período de colheita”, enumera o gerente de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, Mário Ferraz.
Outro ponto de atenção é quanto à colheita, que deve ser feita no ponto ideal, evitando a presença de muito café verde ou a queda de grãos que estejam muito maduros. “A gente indica que a colheita tenha início com pelo menos 80% dos frutos maduros, para não atrapalhar tanto a qualidade, e que depois seja feito o processo de lavagem, no qual vai haver a separação dos grãos por densidade, separando os ‘boias’ e os verdes daqueles maduros. Essa separação é importante para garantir uma uniformidade melhor de seca”, recomenda o superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro, Juliano Tarabal.
O pesquisador Gladyston Carvalho ressalta que a adoção de tratos culturais e de práticas de manejo adequadas nos períodos específicos, em conjunto com as condições atuais de clima, reforçam a tendência de uma safra de qualidade. “Tudo caminha para que a gente tenha um ano de qualidade de fruto boa. As chuvas estão boas agora e, em geral, uma safra menor tem grãos de peneira maior. O que vai determinar o resultado final é, exatamente, a época da colheita. Se for uma colheita com pouca chuva, mantém-se essa perspectiva. Se houver um índice pluviométrico maior, de maio a julho, o cenário pode mudar”, acrescenta.
Cuidados pós-colheita
As pesquisas da Epamig em cafeicultura abrangem todo o ciclo produtivo da planta, desde o preparo do solo e a indicação de cultivares selecionadas até os cuidados pós-colheita. Incluem, também, o desenvolvimento de variedades mais produtivas e resistentes às pragas e doenças, além da indicação de boas práticas que garantam a qualidade e a agregação de valor ao produto final.
No que se refere às práticas de pós-colheita, os cuidados começam no planejamento da colheita, como já mencionado, que devem ocorrer quando os frutos estiverem maduros, da forma mais uniforme possível. Na sequência, deve ser feita a lavagem dos frutos para a eliminação dos frutos imaturos e “boias”. O passo seguinte é a secagem, em terreiros ou secadores mecânicos.
A duração do processo de secagem do café no terreiro vai depender das condições climáticas e do tipo de processamento adotado (em via úmida ou seca). O ponto ideal de secagem é atingido quando os grãos apresentam umidade de 11%.
As informações são da Sec. de Agricultura de MG.