Os produtores Luciene Santos Mota e José Wilson da Silva, de Pedralva, no Sul de Minas, se dedicam a produção do café orgânico. Através da ajuda da assistência técnica e extensão rural pública estadual, e da solidariedade dos arrendatários, donos das terras onde eles realizam quase todo o processo de produção do café, contam hoje com as marcas Café Luci e Café Alecrim Dourado.
A produção é com mão de obra familiar, realizada em três propriedades de mesmo nome: Alecrim Um, Alecrim Dois e Alecrim Dourado, todas localizadas na Comunidade Alecrim, na zona rural do município. Os sítios têm respectivamente 500, 6 mil e 2 mil pés de café. Duas propriedades são arrendadas e a menor delas, de 1 hectare, é herança da mãe de José Wilson.
Todas elas têm certificação do sistema participativo da Central das Associações de Produtores Orgânicos do Sul de Minas (Orgânicos Sul de Minas). As duas maiores também têm o Certifica Minas Café, do Governo do Estado, sendo que a mais produtiva delas, a de 6 mil pés de café, possui a certificação Fairtrade, por meio da Associação dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde (Ascarive), de Carmo de Minas. No geral, todas as certificações podem ser consideradas uma espécie de atestado, que comprovam, entre outros itens, que o produto tem qualidade, rastreabilidade e respeita as normas socioeconômicas, ambientais, trabalhistas e de comércio justo.
Para Luciene, a Emater-MG foi fundamental desde os primeiros atendimentos ao casal, quando o agrônomo da época orientou os produtores a participarem da feira e do Pnae. Segundo ela, foi na ocasião que começou “o laço de união” que tem hoje com a empresa pública de extensão rural, seja por meio do escritório local ou da unidade regional do órgão, na cidade de Pouso Alegre.
“A Emater teve papel fundamental para nós desde o começo. Estamos sempre nos comunicando através da Orgânicos Sul de Minas. Costumo dizer que, quando o extensionista chega na propriedade, não traz apenas o conhecimento de como semear e produzir, traz a semente da esperança, pois mostra que temos capacidade de transformar a nossa terra. Somos muito gratos à Emater”, ressalta.
Especial, orgânico e com boas colocações em concursos
O café produzido nas duas propriedades arrendadas e no sítio do casal é da espécie arábica, das variedades catuaí vermelho e amarelo. No final de 2018, eles plantaram 1.800 pés da nova cultivar Arara que, segundo Luciene, vem sendo considerada mais resistente a doenças, principalmente a ferrugem. “A primeira colheita vai ser esse ano. São essas as variedades que temos por aqui. Elas geram essa bebida diferenciada, que vem se destacando no mercado”, afirma.
O engenheiro agrônomo Cleber da Mota Pereira, do escritório local da Emater-MG, em Pedralva, que vem acompanhando e orientando o casal há cerca de dois anos, explica que o café é produzido em um sistema diferenciado. “Eles colhem somente os cafés maduros de forma seletiva, grão a grão, que são secados em estufas e terreiro suspenso (bancada de madeira forrada com um sombrite). Esses grãos não têm contato com solo e são secados de forma natural. Por esses cuidados eles atingem pontuações superiores a 85 pontos, o que caracteriza um café ser considerado especial, conforme a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA)” explica.
Todas as lavouras, segundo a produtora, são tratadas com produtos naturais dos próprios sítios. Os tratos culturais incluem esterco de gado e galinha, palha de café, capim e cana para fazer composto orgânico. Os cuidados incluem monitoramento anual da saúde da planta e do solo, para ir dosando o uso dos produtos. “A gente faz todo ano a análise de solo e de folha para ver o que café precisa. Se tiver algum talhão que não tem necessidade de potássio, a gente não incorpora a palha do café na compostagem. Mas se acaso, tiver necessidade a gente coloca também a palha do café”, informa Luciene.
Além de orgânico e especial, o café dos produtores de Pedralva também já acumula bons desempenhos em variados concursos promovidos por instituições e empresas do setor cafeeiro. Em 2017, ficou em 9º lugar, entre os dez cafés top do Concurso Café Mantiqueira de Minas, promovido pela Ascarive Fairtrade e Cocarive. No ano de 2018, conquistou o 3º lugar do Concurso Florada Premiada, da Três Corações e da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), concorrendo com 633 amostras. O mesmo feito se repetiu em 2019, novamente em 3º lugar. Também em 2019, conquistou o 2º lugar na 16ª edição do Concurso Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, da Emater-MG, região Sul de Minas, na categoria café natural.
As informações e foto são da Assessoria de Comunicação – Emater-MG.