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Produtores afirmam que o governo fechou os olhos para a cafeicultura

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 12/12/2013

3 MIN DE LEITURA

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O preço da saca de 60kg do café arábica, o mais produzido e comercializado em Minas Gerais, chegou a R$ 400 em janeiro de 2012. Neste mês, o preço da saca ainda não ultrapassou R$ 280. Mas há regiões e tipos de café que chegam ao preço de R$ 240. O custo de produção durante a safra 2012/2013, no sul de Minas, por exemplo, foi de R$ 340 por saca.

Estes valores mostram bem como está a situação dos cafeicultores mineiros. Desde o início de 2013, eles relatam que o setor está um caos. Alegam também que falta incentivo financeiro e que o apoio dos governos estadual e federal chegou tarde.

O Repórter Agro entrevista nesta semana o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha e da Associação dos Sindicatos dos Produtores Rurais do Sul de Minas, Assul, Arnaldo Bottrel Reis. Cafeicultor há 40 anos em Varginha, sul do estado, ele fala do cenário atual da cafeicultura, do descaso do governo com o setor e o pessimismo dos produtores para a próxima colheita, entre maio e agosto de 2014.

Abaixo, a entrevista completa:

Sendo produtor de café e presidente da entidade que representa os cafeicultores, como o senhor avalia 2013 para o setor?

2013 eu entendo que foi o pior ano de 30 anos para cá. O produtor de café fez o dever de casa, aumentou sua produção, gerou emprego e renda, sustentou e sustenta grande parte da balança comercial de nosso país. É o maior empregador de toda a cadeia agropecuária com mais de nove milhões de empregos. Tudo isso não foi o suficiente. Os governos municipais, estaduais e principalmente, o federal fecharam os olhos para a cafeicultura.

A crise dá sinais desde quando, o senhor se lembra?

No final de 2010 e início de 2011, apesar de que neste último período o café estava em alta, nós já estávamos preocupados com o que iria acontecer se não tomassem as medidas governamentais no sentido de que o produtor deveria ter renda. Ou seja, lucro em sua atividade. anos

Era possível antever esta situação e até remediá-la a tempo? E ainda há o que fazer para contornar a crise?

Sempre trabalhamos no propósito de não deixar a situação chegar à chamada "crise total". Mas se nós, produtores, estivéssemos mais unidos junto a nossa representatividade (aos sindicatos), com certeza cobraríamos conveniência e manifesto de todas as propostas protocoladas ao Governo. Propostas estas que entendemos serem justas e merecidas pelo setor da produção. Há muito que fazer e estamos fazendo. Por exemplo, recentemente, a pedido de nosso segmento, o governo federal manifestou-se, em partes, a favor dos cafeicultores com a prorrogação da dívida dos produtores, conforme a resolução nº 4.289 de 22 de novembro de 2013.

O que os produtores do sul de Minas e o senhor esperam da safra 2013/2014 e a próxima (2014/2015)? Os cafeicultores temem por 2014?

Minas Gerais produz 50% da produção nacional e o sul do estado produz 50% do café mineiro que representa mais ou menos 12 milhões de sacas. Porém, nossa região tem topografia desfavorável em relação a outras regiões, o que demanda um excesso de mão-de-obra, já que não é possível ter colheita mecanizada. E também falta tecnologia de maquinário para colheita nessas regiões. Com isso, o cafeicultor sul mineiro fica privado. As lideranças e os governos deveriam ver que a nossa região tem direito a uma política de renda diferente de outras regiões.

Qual foi a história mais triste que o senhor soube envolvendo cafeicultores afetados pela crise?

Muitos produtores e também trabalhadores abandonaram propriedades, o trabalho e foram viver nas periferias das cidades. Boa parte está vivendo em situação bem delicada. Teve casos de cafeicultores endividados não conseguirem controlar emocionalmente a situação e se desesperarem em ter vontade de quitar seus débitos e não terem dinheiro. Infelizmente, já foi registrado óbito.

O senhor acredita que boas notícias virão nos primeiros meses do ano?

Estamos trabalhando para que isso aconteça, porém, no momento não estamos otimistas.

Qual é a mensagem que o senhor como líder sindical passa aos cafeicultores do estado?

O Sindicato e a Assul (Associação dos Sindicatos dos Produtores Rurais do Sul de Minas) não têm medido esforços para que os nossos sindicalizados estejam representados nas diversas reuniões que estamos participando. Neste segundo semestre fomos mais de 30 vezes à Brasília, 18 vezes em Belo Horizonte e em outras dezenas de reuniões regionais. Tudo para nos informarmos e apoiarmos quem representamos e precisa de ajuda: os cafeicultores e as cafeicultoras.

As informações são do Repórter Agro, adaptadas pelo CafePoint.

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HENOCK DE SOUZA TUELHER

SIMONÉSIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/12/2013

infelizmente o governo atual não tem dado atenção a cafeicultura como deveria. Esquecendo que o setor gera 8 milhões de empregos direto e indiretamente. Não há uma política de preços para o cafeicultor e sim para o "comerciante". O Brasil está na contramão da história, talvez vítima de um governo populista. É imprescindível que juntemos forças para lutarmos neste momento delicado. Parabéns a equipe do AgriPoint, pela seriedade e competência.  

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