Em entrevista ao portal Notícias Agrícolas, Eduardo Carvalhaes, Analista de Mercado do Escritório Carvalhaes, comentou sobre os valores divulgados nesta semana sobre a safra do café.
Para ele, a safra recorde reflete no mercado de bolsas, já que os últimos três anos foram de crise climática, logo, pouco café. Para manter as exportações brasileiras e abastecer o consumo interno, os estoques de cafés foram esgotados pela primeira vez. “Por um lado, temos uma safra recorde, e por outro, um estoque zerado, isso nunca tinha acontecido”, completa.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), mesmo com a crise no Brasil, o consumo mundial de café aumentou em 3,5%. Isso implica em uma quantidade de café no estoque. “Para suprir esse mercado que não para de crescer, temos que torcer para que a safra de 2020 seja maior do que a desse ano”.
Sobre a Bolsa de Nova York, Carvalhaes comenta que a remuneração aparente lá fora não incentiva o produtor a melhorar a produção. “Sempre que o dólar se fortalece frente ao real, reflete na bolsa. Um dólar alto seria uma boa remuneração ao cafeicultor. A queda da Bolsa é o que prejudica”. Se o mercado internacional pagar um pouco melhor, o cafeicultor terá chances de crescer na produção e alcançar um consumo mundial de 40%.
2019 também será um ano de ciclo baixo para o arábica, mesmo que chova bem. Assim, o número recorde que está pressionando as cotações deve ir embora quase que instantaneamente. Diante desse cenário, o cafeicultor fica com dificuldade de planejar seus investimentos, já que há uma guerra de informação muito grande.
Por outro lado, a produção de conilon também ganha destaque. O Brasil é um dos grandes exportadores de café solúvel e se estima que a variedade volte a crescer no próximo ano, embora seja cedo para falar em números.
A entrevista foi concedida para o portal Notícias Agrícolas.