A produção de café do Quênia cairá para o seu nível mais baixo desde a independência, à medida que os efeitos da seca reduzem a produção pelos agricultores, devido às baixas taxas de retorno.
A previsão anual do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostra que a produção total do país para 2019/2020 atingirá 650 mil sacas de 60 quilos, queda de 13,3% em comparação com as 750 mil da safra passada. Consequentemente, a distribuição total do país deverá cair para uma baixa histórica de 830 mil sacas, em comparação com as 910 mil em 2018/2019.
Os estoques de café, que no Quênia são mantidos por usineiros, agentes e exportadores, também cairão para uma baixa de 105 mil sacas, 40 mil a menos em relação à última safra.
De acordo com o relatório, o tamanho das fazendas de café continua diminuindo devido à subdivisão gerada por herança. O Quênia tem duas safras distintas em um ano (setembro-dezembro e março-julho), cada uma com um pico de menos de dois meses. De acordo com o relatório, 20% das usinas de café estão operando atualmente em seus níveis mais baixos.
"Os esforços do governo para promover a produção de café em pequenas propriedades em áreas de cultivo não tradicionais são contrabalançados por um aumento nos empreendimentos habitacionais em fazendas localizadas em áreas peri-urbanas, levando a uma estagnação geral da produção total de café", afirmou o USDA.
O setor também está perdendo competitividade devido a outros fatores, como o aumento do custo da mão-de-obra e dos insumos, alta incidência de pragas e doenças e má governança das cooperativas.
Os ganhos com café no Quênia no mês passado caíram em 2,8 bilhões de xelim (US$ 27 milhões) ou mais de 23% em comparação com o mesmo período de 2018, já que os baixos preços internacionais continuam afetando os ganhos dos agricultores.
Dados da Diretoria do Café indicam que os agricultores ganharam 9,04 bilhões de xelim (US$ 87,73 milhões) no mês passado, contra 11,8 bilhões de xelim (US$ 114,52 milhões) no mesmo período em 2018. O relatório culpou a fraca estrutura de vendas do Quênia, na qual os agricultores arcam com as perdas diretamente da empresa para o mercado.
De acordo com as regras do setor cafeeiro, um lote de café pertence a um agricultor até que um exportador o compre. “Um produtor de café queniano, portanto, não apenas suporta riscos de produção, mas também riscos pós-produção, como deterioração da qualidade, roubo e volatilidade da taxa de câmbio”, concluiu o relatório.
O deputado do sul de Gatundu, Moses Kuria, está à frente da Crops Amendment Bill, que diz que todo café cultivado no Quênia é processado, produzido e embalado localmente para melhorar os ganhos dos agricultores. Se for aprovada, a lei afetará compradores internacionais e grandes cafeterias globais que compram muitos grãos semiprocessados.
As informações são do The Star / Tradução Juliana Santin