No dia 21 de setembro, o Conselho Nacional do Café (CNC), entidade privada que congrega as principais cooperativas e associações de cafeicultores de diversas origens brasileiras, embarcou para Londres para atuar na 125ª Sessão do Conselho Internacional e demais reuniões da Organização Internacional do Café (OIC), que ocorrerão entre hoje (23) e 27 de setembro.
Como preparação para os debates, o presidente do CNC, Silas Brasileiro, afirma que foi encaminhado ao Representante Permanente do Brasil junto a Organismos Internacionais em Londres, embaixador Hermano Telles Ribeiro, considerações sobre a conjuntura atual do setor cafeeiro e a respeito de temas que podem ser abordados durante as reuniões.
“Vivemos um novo cenário passageiro de oferta superior à demanda, característico do ciclo de preços e produção. Conforme dados da OIC, o excedente da oferta global acumulado nos dois últimos anos cafeeiros soma 7 milhões de sacas”, comenta Silas.
Embora seja um número pequeno, equivalente ao consumo mundial de 15 dias, o aumento dos fluxos exportadores gera sensação de abastecimento confortável nos países consumidores, mesmo com o crescimento estável da demanda, a uma taxa anual de 2,2%.
Segundo a OIC, nos primeiros dez meses do ano safra 2018/2019, as exportações globais aumentaram 10,2%, para 109,41 milhões de sacas. Com exceção dos “Outros Suaves”, houve aumento do fluxo exportador de todos os tipos de café: Naturais Brasileiros (27,6%), Suaves Colombianos (7,6%) e Canéfora (Robusta) (6,9%), consequência do aumento da produção em várias regiões produtoras.
No caso do Brasil, foi colhida uma safra recorde em 2018, situação que não se repetirá no próximo ano, em função das condições climáticas adversas e redução dos tratos culturais. Já em 2019, a colheita ficou abaixo das expectativas de mercado, devido à combinação de clima adverso e período de bienalidade negativa da produção de arábica.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou que a colheita brasileira atingiu 48,99 milhões de sacas em 2019, representando uma queda de mais de 20% em relação ao ciclo anterior. “Com isso, há condições para alcançarmos um ajuste no quadro de oferta e demanda do mercado global de café, refletindo em melhora dos preços. Mas isso somente ocorrerá se não houver incentivos para a ampliação das áreas cultivadas sem esforços concomitantes para o crescimento do consumo global de café”, afirma Silas.
Apesar do CNC defender reiteradamente que não seja expandida a área plantada com café e que esforços sejam direcionados apenas para o aumento de produtividade (por exemplo, via renovação do parque cafeeiro), os outros países trazem estímulos e parcerias diversas visando novos plantios.
Alguns exemplos:
- Projeto do Governo do Uganda, com apoio da OIC, para expandir a produção de café para 20 milhões de sacas até 2030;
- Expansão do cultivo de café arábica no sul da Colômbia, em antigos territórios das FARC. Além disso, introdução, em 2018, do canéfora (robusta) para pesquisas e adaptação, com previsão da primeira colheita a partir de 2026.
- Parceria entre o Banco de Desenvolvimento da Angola (BDA) e entidade da Índia especializada em assistência técnica para promover a produção intensiva de café arábica em Angola, em fazendas de médio e grande porte.
O CNC acredita que a OIC possui um papel fundamental na promoção do consumo global do café. “Somente com o crescimento do consumo, principalmente nos países produtores e mercados emergentes, alcançaremos a sustentabilidade econômica da produção cafeeira, visto que será reduzida a transferência de estoques das regiões exportadoras para as importadoras e haverá equilíbrio entre oferta e demanda”, finaliza Silas.
As informações são do CNC.