Nesta semana aconteceu a 124ª Sessão do Conselho Internacional, em Nairóbi, no Quênia. A pauta central das discussões foi a crise dos baixos preços que permeiam a cafeicultura mundial.
O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, afirmou que o despertar da consciência das delegações dos países produtores sobre a fundamental importância do aumento do consumo doméstico para que seja alcançado o equilíbrio entre oferta e demanda, única forma de garantir preços remuneradores aos cafeicultores, foi um grande avanço entre os profissionais.
“Há anos, defendemos a implantação deste projeto no âmbito da OIC (Organização Internacional do Café) e, finalmente, constatamos sucesso em nosso pleito, com muitos países produtores adotando o Brasil como referência para seus projetos de ampliação do consumo doméstico de café”, destaca.
Nesse sentido, o foco da reunião do Comitê de Promoção e Desenvolvimento de Mercado foi a apresentação das lições e recomendações do Guia Detalhado da Organização para Promoção do Consumo de Café nos Países Produtores e discussões visando ao seu aprimoramento.
A implantação da Resolução 465, que trata dos baixos preços do café, foi outro destaque nas reuniões, e o diretor executivo da OIC, José Sette, apresentou os avanços alcançados até o momento.
“Destaca-se a ampla mobilização realizada nos últimos meses junto a universidades e centros de pesquisas, outros organismos internacionais (Nações Unidas, FAO, União Europeia) e torrefadores, que se mostrou positiva para o estabelecimento de parcerias visando ao desenvolvimento de estudos, melhoria das estatísticas e da transparência ao longo da cadeia café, além da captação de recursos para apoiar os pequenos cafeicultores ao redor do planeta”, comenta Brasileiro.
O presidente do CNC aponta que a indústria torrefadora internacional sinalizou que reconhece a OIC como o fórum legítimo para o estabelecimento do diálogo e busca de soluções para as dificuldades enfrentadas pelas regiões produtoras de café.
“Como consequência dessa aproximação realizada pelo diretor José Sette, será realizado, em setembro, o Fórum de CEOs, evento que dará andamento às parcerias com o setor privado visando à sustentabilidade econômica da cafeicultura mundial”, conclui.
Sobre a Bolsa de Nova York, os economistas da OIC elaboraram o estudo “O papel dos traders não comerciais nos mercados futuros”, o qual não encontrou relação consistente entre a especulação financeira e a recente retração dos preços do café, permitindo concluir a existência de outros fatores determinantes, entre eles, o desequilíbrio da oferta e a demanda.
"A análise aponta que o efeito da atividade especulativa é de curta duração e em dois sentidos: pode ser positivo ou negativo para produtores e indústria, à medida que os preços subam ou desçam”, explica o presidente do CNC.
A delegação da Colômbia esclareceu, também, que não existe o intuito de abandonar o Contrato “C”, mas, sim, fomentar a discussão sobre formas alternativas de preços do café, devido à grande insatisfação com o nível de preços, que inviabiliza a cafeicultura local.
As informações são do Conselho Nacional do Café (CNC).