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Presidente do CNC diz que a quebra de safra pela estiagem é uma certeza absoluta

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 20/03/2014

4 MIN DE LEITURA

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O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), deputado Silas Brasileiro, foi uma das autoridades presentes na solenidade de abertura da Fenicafé 2014. Ele esteve em Araguari, no cerrado de Minas Gerais, para prestigiar mais uma edição da Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura (Fenicafé). Brasileiro falou sobre o desestímulo pelos baixos preços do café e a estiagem que resultarão na primeira quebra de produção para um ano de safra "cheia" no principal produtor e exportador mundial e ainda exaltou o papel do Governo Federal na recuperação das cotações que tem sido, segundo ele, erroneamente atribuídas tão somente à falta de chuvas e as altas temperaturas de janeiro e fevereiro no Sudeste.

Pouca adubação, estiagem, tudo isso vai fazer o Brasil ter sua primeira redução de produção em um ano que seria de safra cheia?

Silas Brasileiro- Exatamente. Essa é uma realidade. O produtor foi, de uma certa forma, desestimulado em investir na produção da sua lavoura. Como agravamento, tivemos essa questão da estiagem prolongada. Isso fez com que tenhamos uma redução ou o mesmo volume colhido em relação ao ano passado e ainda temos que deduzir qual será o efeito da seca sobre a produção nesse ano. Há muitas informações que são divulgadas sem nenhuma base técnica e científica.

Nós estamos realizando um levantamento através do Conselho Nacional do Café (CNC) e em cerca de 30 dias teremos informações seguras se aqueles frutos foram efetivamente atingidos pela estiagem, se eles conseguiram preencher, ou se estão vazios e, com isso, dariam uma renda muito menor. (São os grãos chochos que nós chamamos). Então, essa informação virá, mas nós já temos a certeza absoluta que uma quebra vai acontecer.

Pior é o reflexo na safra 2015. A ramagem do café se desenvolveu muito pouco, os internódios ficaram muito limitados. Tudo isso afetará diretamente a safra 2015, sendo uma consequência inevitável. Portanto, eu penso que, quando acreditaram lá fora - os consumidores, as indústrias, o comércio em geral - que o Brasil iria produzir em torno de 40 a 45 milhões de sacas de café arábica e 20 a 25 milhões de sacas de robusta, esqueceram que para isso tinham que estimular o produtor, tinham que pagar preços justos, remunerativos. Como não pagaram, estamos vivendo agora este caos.

A grande preocupação também é que as indústrias não fizeram estoques para que esta faixa de transição fosse garantida tranquilamente. Não foi formado estoque, e as reservas estão nas mãos dos países produtores. Creio que o fornecimento de 2014, em função de uma safra menor, gerará um equilíbrio entre oferta e demanda. Mas temos que trabalhar para que essa oferta possa ser mantida e agente não venha a perder este trunfo no futuro.

Então, é hora de planejar a atividade, sem plantios novos, trabalhando as lavouras antigas, melhorando o espaçamento, colocando variedades mais produtivas, sem esquecer que aumento de área significa aviltamento de preço no futuro.

E não podemos falar em desabastecimento. Temos café no Brasil suficiente para abastecer todo o mercado. Porque isso seria estimular o outro lado, os nossos países concorrentes seriam estimulados a plantar mais café, o que não seria bom para nós. Temos condições de manter o nosso "market share" de 33% a 34% e vamos avançar para 40%. Isso é o mais importante.

A média da estimativa de safra da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) para o café em 2014 é de 48 milhões de sacas. Certamente haverá uma revisão para baixo nesse número por conta da estiagem, não é mesmo?

SB - Essa revisão vai acontecer. Nós temos uma convicção que a redução já aconteceu, apesar de não podermos a quantificar com segurança. Mas que ela já aconteceu é uma realidade.

Os preços vão continuar reagindo no primeiro semestre? Há espaço para eles subirem mais?

SB - Quando se fala em preços, para nós, que representamos uma entidade, é realmente preocupante. Mas, um preço muito elevado não é bom para o produtor nem para o consumidor. Um preço alto inibe o consumo lá na ponta, gera inflação e estimula plantios novos. O que nós buscamos são preços remuneradores. Eu acho que o café deve se situar em torno de R$ 450,00 por saca, um preço que seria realmente bom para os dois lados. Mais do que isso não representaria uma realidade que fizesse o produtor se sentir gratificado.

Infelizmente nós sempre temos isto: agora aconteceu esta reação dos preços. Todos estão creditando ela ao veranico, mas esqueceram que o governo ofereceu opções de venda para três milhões de sacas aos produtores, que colocou R$ 5,8 bilhões na cafeicultura e ainda alongou dívidas. Então houve uma conjunção de fatores que fizeram o preço reagir. Mas, a figura do governo tem que ser ressaltada, e ele tem que continuar participando da política do café no Brasil.

A Fenicafé é promovida pela Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA) e Federação dos Cafeicultores do Cerrado, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Embrapa Café, Prefeitura e Câmara Municipal de Araguari.

As informações são da Agência Safras
 

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