Com a safra do Brasil já na reta final, os olhos do mercado do café já se voltam para o ciclo de 2024. Desde 2020, o cafeicultor brasileiro vem sentido os impactos das condições climáticas adversas, com quebras significativas, e, mais recentemente, pôde ver os preços na Bolsa de Nova York (ICE Future US) recuarem bastante.
E apesar do mercado estimar uma recuperação na produção para o ano que vem, para Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé, é uma irresponsabilidade já se falar em uma superprodução para o próximo ciclo, sobretudo pelas altas temperaturas que atingiram o parque cafeeiro nos últimos dias.
“Já estamos saindo para o terceiro ano com interferências climáticas no nosso negócio e ainda não sabemos como será o próximo ano. Não é o momento para se falar em super safra ou pequena safra. Não depende de nós, depende do clima. E essas intempéries climáticas, chuva de granizo ou geada, foram fundamentais para nossa produtividade. A produtividade das nossas lavouras caíram muito e, em setembro, fazer a projeção de uma safra para o próximo ano, é uma irresponsabilidade”, disse, em entrevista ao Notícias Agrícolas durante o evento Mulher de Café, que aconteceu em Areado (MG) na última sexta-feira (23).
De acordo com dados coletados pelo Sismet da Cooxupé, nos últimos três dias as temperaturas ficaram acima de 30 ºC em praticamente todos os municípios produtores e de atuação da cooperativa. Os dados chamam atenção, já que, no histórico mensal, as máximas não ultrapassam os 30 ºC nessas mesmas cidades. A temperatura mais elevada foi registrada em São José do Rio Pardo, com 37,9 ºC no último sábado (24). Veja abaixo as temperaturas registradas nos últimos dias:
A grande preocupação, de acordo com Carlos Augusto, é porque a florada principal já abriu em boa parte do parque cafeeiro e as temperaturas elevadas podem comprometer o pegamento das flores. “É uma preocupação constante para nós essas altas temperaturas pós florada. Nós tivemos uma florada um pouco desuniforme, heterogênea, houve, sim, pegamento em parte dela, mas nos preocupa momentos como esses de altas temperaturas, será que vai permanecer essa florada para o próximo ano? Aqui fica a dúvida, incógnita, para mercado, nós produtores e cooperativa. É um pouco difícil prever o que vai acontecer no futuro. Mais uma vez, estamos saindo com interferências climáticas no nosso negócio e não sabemos como vai ser o próximo ano”, disse.
Segundo os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o calor excessivo deve persistir pelo menos mais dois dias e continuar atingindo as áreas de produção de café do Brasil. A primavera – estação onde são registradas as temperaturas mais elevadas do ano, poderá ser marcada por máximas ainda mais elevadas e irregularidade das chuvas em algumas áreas, o que seria um reflexo do El Niño, de acordo com meteorologistas.
As informações são do portal Notícias Agrícolas.