Por Gabriela Kaneto
Em entrevista ao portal Notícias Agrícolas, divulgada na última quarta-feira (23), o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Augusto Rodrigues de Melo, afirmou que a colheita na área de atuação já está 85% concluída.
“São números que já eram esperados. O acompanhamento da colheita caminha-se para o final, mas ainda há bastante café para se levantar nessa questão, principalmente de cafés de varrição, os cafés no chão. Este ano foi de muita queda e há uma dificuldade para receber esse café, para tirar do chão. Então ainda a colheita se arrasta por mais algum tempo”, disse.
Em relação à qualidade dos frutos deste ano, o presidente da Cooxupé comentou que tem sido “bastante positiva”. “De uns dias para cá, com a entrada desses cafés inferiores, o café do chão, a qualidade caiu um pouco. Mas, até então, tem sido um ano de qualidade boa”, destacou.
Para este ano, a cooperativa espera receber 4,9 milhões de sacas de seus cooperados. Deste total, 75% já foi recebido. “Como já era prevista uma safra grande, muito parecida com as passadas, esperamos receber os cafés que foram estimados pelo nosso departamento técnico. Ainda temos cafés para vir, mas, diante disso, esperamos que cumpra as metas”, afirmou Carlos Augusto. Além da produção dos cooperados, a Cooxupé trabalha também com cafés de terceiros, ou seja, soma-se 1,3 milhões de sacas à previsão de recebimento total.
Quanto à exportação, a cooperativa de Guaxupé estima que este ano fique em torno de 4,2 milhões de sacas, número menor do que o registrado no ano passado. O motivo da queda, de acordo com o presidente, foi a maior quantidade de cafés remanescentes em 2022. “Este ano, com safras inferiores como foi a do ano passado, a exportação tende a ter um número menor, como o projetado”.
Especulações e participação do produtor
Negociações no mercado cafeeiro têm sido travadas por conta da grande diferença entre as projeções oficiais de produção da safra brasileira e as especuladas por consultorias. Sobre o assunto, Carlos Augusto declarou que é importante investimentos de georreferenciamento nas áreas cafeeiras brasileiras para que seja enfatizada a estimativa real e a incerteza termine.
“Isso é um entrave que tem para o mercado, para a produção, para os produtores e para o mercado externo também. Falta uma sintonia entre várias projeções. Nossa estimativa oficial de café é a Conab, que hoje estima, para essa safra, pouco mais de 55 milhões de sacas. Mas existem estimativas de até 67 milhões de sacas. [...] Nós estamos indo para uma safra de 2024 já se falando em algumas projeções, mas sem o embasamento real e legal. Eu acredito que o número da Conab seja o número oficial e que temos que dar credibilidade a ele”, comentou.
Apesar do mercado estar pressionado, há dias em que o preço avança nas Bolsas, o que pode sinalizar uma boa oportunidade de negócio. Para o presidente da Cooxupé, os produtores têm participado do mercado de acordo com suas necessidades, porém, “ainda é pouco perto do que poderíamos estar oferecendo”.
Ele destacou também que outro fator que todo mundo está esperando e acompanhando é o clima. “Nos últimos anos, este fator foi muito forte para que o mercado oscilasse e também para a produção do café, visto que tivemos colheitas menores e uma produtividade aquém do esperado por conta desses fatores. O momento atual não é diferente. Todos ficam aguardando a questão do clima, das chuvas, das temperaturas. Isso tudo interfere no mercado. O que podemos dizer é que o produtor está bastante reticente quanto à questão da oferta de café, mas, no momento que tiver oportunidade, nós entendemos que deve haver participação”, disse em entrevista.
Previsão para 2024
Para o próximo ciclo, dentro da área de atuação da Cooxupé - São Paulo, Matas de Minas, Sul de Minas e Cerrado Mineiro -, espera-se uma boa safra, mas Carlos Augusto ponderou que ainda é muito cedo para realizar qualquer previsão, uma vez que fatores como o clima e o mercado são decisivos para qualquer previsão.
“Pelo estado das lavouras que estamos vendo dentro da área da cooperativa, que é a área do arábica, têm regiões em que as lavouras estão em melhor estado e outras não. Estamos vendo que muitas lavouras não saíram dentro do que era esperado, talvez por terem dado mais. Outras estão em topografias altas, e, neste ano, tivemos problemas com produção em relação às mais baixas, por interferência justamente do clima. Posso dizer que a planta está confusa diante do que o clima tem oferecido e, diante disso, essa incerteza de safras futuras ainda é muito forte”, comentou.