Por Gabriela Kaneto
Na última semana, o presidente da Cooabriel, Luiz Carlos Bastianello, afirmou, em entrevista ao portal Notícias Agrícolas, que, neste ano, a cooperativa sentiu um declínio na produção de café em relação ao ano passado. “Devemos fechar a safra 2023 com uma queda de, aproximadamente, 20% em relação a 2022”, disse.
Com o recebimento praticamente encerrado, Bastianello comentou que, apesar da preocupação inicial por conta da incidência de broca, a qualidade do ciclo atingiu as expectativas projetadas. “Acho que o produtor tem entendido o nosso apelo no sentido de trabalhar melhor essa qualidade do café. O que nós percebemos é que realmente tivemos um saldo positivo na qualidade do conilon”.
Apesar do preço da variedade estar com suporte nas Bolsas internacionais, a participação dos produtores brasileiros já foi maior quando o assunto é mercado internacional. Sobre isso, o presidente da Cooabriel destacou que estão trabalhando para que essa presença cresça e seja exportada uma quantidade maior de conilon brasileiro.
“O que temos percebido é que, agora, o Vietnã já começa a fazer compromissos com a safra que está por chegar e com um preço, inclusive, abaixo de Bolsa. Isso acaba inibindo, de certa forma, a gente a colocar o nosso conilon lá fora. Algumas exportações continuam acontecendo e outras estão surgindo. Estamos trabalhando para que consigamos levar café em maior quantidade lá para fora”, destacou.
Abertura da florada
Nas lavouras, a principal florada já aconteceu e agora surgem pequenas floradas pontuais, como a última vista no último mês de agosto. “Tivemos um período de chuvas neste mês de agosto que não era esperado. Chuvas quase que no estado inteiro, no patamar acima de 100 mm, e isso acabou contribuindo muito para que registrássemos uma florada uniforme. Nós consideramos como positivo este início de safra 2024 com essa florada. Tivemos outras pontuais e estamos tendo agora o que nós consideramos como a última florada”, comentou Bastianello.
Em relação às expectativas para 2024, o presidente da Cooabriel disse que ainda é cedo para fazer previsões, mas que, com o cenário de agora, pode-se dizer que há possibilidade de recuperação dos 20% perdidos em 2023. “Lógico que tem muita coisa pela frente, mas se continuar no ritmo que está e se o tempo contribuir também para uma safra boa, 2024 teremos uma safra bem maior do que tivemos em 2023, ressalvando possibilidades de pragas e doenças porque ainda temos um período muito longo pela frente”.
Ainda referente aos próximos meses, Bastianello comentou sobre a preocupação com a possibilidade de interferência do El Nino na próxima safra: “Onde nós estamos, se tivermos uma incidência do fenômeno, teremos períodos mais secos aqui e mais chuvosos no sul do País, embora estamos com os reservatórios de irrigação das propriedades cheios. Se o El Nino vier, teremos incidências maiores de temperaturas e isso preocupa”.
Ele recomendou que os produtores continuem cuidando das lavouras, fazendo a nutrição das plantas e o combate de pragas e doenças para que a próxima safra tenha uma boa qualidade. “Cuidar da planta como ela realmente merece e precisa, para trazer uma boa produção. É dela que ele tira subsistência, então precisa olhar bem para essa planta para que tenhamos uma boa safra em 2024. Acima de tudo, fazer um trabalho bem feito, tanto nutricional quanto de combate à doenças, buscando sempre uma redução de custos. Acho que isso é muito importante. O produtor que se atenta para isso tem mais viabilidade do que aquele que faz o trato mas tem um custo mais alto. Temos que buscar alternativas para reduzir nossos custos e cuidar bem da planta, que é, na verdade, a nossa fonte de renda”.
Assista a entrevista completa aqui.