Os preços mínimos das variedades arábica e robusta foram reajustados no Brasil nesta quarta-feira (19/4). A alteração foi publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Diário Oficial da União, os novos preços mínimos para o café na safra 2017.
Foto: Lucas Albin/Agencia Ophelia / Café Editora
Com base no levantamento de custos de produção realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a variedade arábica teve sua cotação mínima estipulada em R$ 333,03 para a saca de 60 kg do grão tipo 6, bebida dura para melhor, com até 86 defeitos, peneira 13 acima, admitido até 10% de vazamento e teor de umidade de até 12,5%. Já o preço do robusta foi determinado em R$ 223,59 por saca do café tipo 7, com até 150 defeitos, peneira 13 acima e teor de umidade de até 12,5%.
CRÍTICAS
Em seu balanço semanal desta quinta-feira (20/4), o CNC – Conselho Nacional do Café afirmou que ao longo dos últimos meses se reuniu três vezes com o Governo Federal para tratar da matéria. Em duas audiências no Mapa e em uma na Conab, a entidade apresentou que o estudo desenvolvido pela estatal possuía incoerências com a realidade do campo, o que impactaria negativa e diretamente no estabelecimento dos preços mínimos para o café na safra 2017.
O CNC identificou, ainda, que a Conab estimou, nos sistemas mecanizados de produção do Sul de Minas e de São Paulo – que possuem significativa participação na produção nacional –, forte retração das despesas com operações de máquinas, entre novembro de 2015 e novembro de 2016. O fato destoa do que o CNC identificou junto a seus associados, que observaram, em todas as áreas produtivas de café, aumento do custo da hora/máquina suportado pelo produtor e a manutenção de máquinas e equipamentos próprios, pelos altos custos de peças, além do aumento do combustível.
Outro argumento utilizado pela Conab para justificar a evolução pouco significativa dos custos do arábica se refere às menores despesas com fertilizantes e juros. No tocante aos gastos com fertilizantes, embora a evolução do dólar em 2016 tenha contribuído para um menor preço ao produtor, o CNC pontua que o ano de 2017 se iniciou com tendência de aumento dos valores desses insumos devido a problemas de menor oferta, principalmente dos nitrogenados.
Quanto aos juros, o CNC recorda que o custo do financiamento agrícola, inclusive ao amparo do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), sofreu aumento em 2016 devido ao cenário macroeconômico do Brasil.
A Conab também credita a evolução pouco significativa do custo de produção variável do arábica aos pacotes tecnológicos adotados pelos produtores. Em relação a esse ponto, recordamos que 79% dos cafeicultores brasileiros (230 mil produtores) cultivam áreas de até 10 hectares. Outros 7% (20 mil produtores) possuem de 10 ha a 20 ha, ou seja, 85% das propriedades cafeeiras são de pequeno porte. Essa pulverização dificulta o acesso à tecnologia de forma generalizada, principalmente na situação atual de dificuldade dos servidos estaduais de assistência técnica e extensão rural, por isso o CNC questiona esse argumento apresentado pela Conab para mitigar o aumento dos custos suportados pelos produtores de café.