Pesquisa da Reuters com traders e analistas aponta que os preços do café canéfora, principalmente da variedade robusta, devem terminar o ano abaixo dos níveis atuais, mas ainda podem registrar um aumento anual de 28%.
O objetivo era que os preços atingissem 2.300 dólares por tonelada métrica no final de 2023, uma queda de 5% em relação ao fechamento da última terça-feira (15), mas 28% acima dos níveis do final do ano passado, de acordo com a previsão mediana da pesquisa.
As condições de seca ligadas ao fenômeno climático El Niño levantaram preocupações sobre a produção de café robusta na Ásia, com as safras da Indonésia particularmente vulneráveis, sustentando os preços.
"No Vietnã (maior produtor de robusta) há irrigação generalizada. No entanto, o café indonésio não é irrigado e, portanto, pode ser mais suscetível ao clima seco", explicou o analista do Rabobank, Carlos Mera.
O Vietnã deve produzir 29,6 milhões de sacas de café de 60 kg na safra 2023/2024, conforme mostrou a previsão mediana da pesquisa, ligeiramente abaixo da temporada anterior. O Departamento de Agricultura dos EUA estimou a safra 2022/2023 do Vietnã em 29,75 milhões de sacas.
Já os preços do café arábica devem terminar o ano a 1,53 dólar por libra, 1% acima do fechamento de terça-feira, mas 8% abaixo dos níveis no final de 2022.
Os participantes da pesquisa disseram que a combinação de um aumento esperado na produção brasileira, na temporada 2024/2025, e a fraca demanda global, podem exercer ainda mais pressão sobre os preços do arábica.
A próxima safra de café do Brasil deve subir para 69,8 milhões de sacas, de acordo com a previsão mediana, com vários participantes prevendo mais de 70 milhões de sacas. A safra recorde no Brasil foi de 69,9 milhões de sacas em 2020/2021, mostram dados do USDA.
"A florada do arábica no Brasil será o fundamento mais importante em breve. Como sabemos, a florada é uma etapa crucial e definirá o potencial para 2024, que deve ser maior", disse um participante da pesquisa.
Espera-se um pequeno superávit global de 1 milhão de sacas em 2023/2024, em comparação com um déficit global de 3,7 milhões de sacas em 2022/2023, mostrou a pesquisa.
As informações são da Reuters.