Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) aponta que a temporada brasileira de café 2018/2019 no mês de junho teve preços bem inferiores aos observados em 2017/2018.
No balanço da temporada 2018/2019 (de julho/18 a junho/19), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 teve média de R$ 422,62/saca de 60 kg, queda de quase 15% frente à da safra anterior, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de maio/19). A média do arábica foi também a mais baixa desde a temporada 2001/2002, em termos reais. Quanto ao Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6, a média dos preços em 2018/2019 foi de R$ 317,28/saca, 20,1% inferior à de 2017/18 e a menor desde a temporada 2009/2010.
De acordo com o Cepea, a queda nas cotações ocorreu, principalmente, por conta dos recuos nos valores externos de ambas as variedades ao longo de 2018/2019. Já o movimento de baixa nos preços internacionais foi influenciado pela elevação da oferta global do grão, tendo em vista a safra recorde no Brasil e a boa produção no Vietnã e na Colômbia. Pesquisadores ressaltam que, no robusta, o movimento de queda é observado desde 2017/2018, devido à recuperação da produção nacional após o período de seca e safras volumosas no Vietnã.
A pressão sobre as cotações do café só não foi mais significativa por conta do dólar elevado ao longo da safra passada. Na média da temporada, a moeda norte-americana foi de R$ 3,862 contra R$ 3,308 da temporada anterior (2017/2018). Assim, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 foi de US$ 106,86/sc, 21,1% abaixo da observada na safra anterior. Por outro lado, a valorização do dólar resultou em aumento dos custos de produção, refletindo especialmente na alta nos preços de adubos e de outros insumos agrícolas.
Para a safra 2019/2020, que foi iniciada oficialmente neste mês, os pesquisadores acreditam em preços próximos dos vistos na safra passada, pelo menos até a finalização da colheita. Isso porque, apesar das menores produção e qualidade observadas até o momento (devido à bienalidade negativa e a problemas climáticos), a partir de agosto, o setor deve voltar a atenção ao desenvolvimento da temporada 2020/2021, que será de bienalidade positiva no Brasil e contará com a produção de muitas lavouras renovadas. Além disso, ainda há um volume considerável de café remanescente disponível no mercado.
Por enquanto, os preços dos cafés arábica e robusta iniciaram julho em ritmo de forte alta, atrelada ao ganho externo de ambas as variedades devido às previsões de frio em regiões cafeeiras do Brasil e a movimentos técnicos. Na parcial de julho, o Indicador CEPEA/ESALQ do café tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, registra média de R$ 439,48/saca de 60 kg, alta de 6,7% frente à do mês anterior. Para o robusta, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 tem média de R$ 292,45/sc de 60 kg, alta de 1,04%.