Os preços do café subiram mais de 25% nas últimas semanas. O aumento é devido a fatores como as lentas colheitas na América Latina, que diminuíram os estoques, e a alta demanda global.
Um indicador composto que calcula a média dos preços em diferentes tipos de grãos de café - incluindo Outros Suaves, Brazilian Naturals e Robustas - ficou em US$ 1.101 a libra na terça-feira. Alguns pregões nas últimas semanas observaram diferenciais de preço de dois dígitos.
Tempo seco em Honduras
Os traders citados pelo Wall Street Journal culpam a pressão de aumento dos preços nos estoques de queda, causados ??pelas más colheitas de café em Honduras. O país é o terceiro maior produtor de café arábica do mundo e está sofrendo com cinco anos de secas consecutivas.
No início deste mês, Honduras declarou uma emergência nacional devido a uma seca severa que dizimou a colheita de grãos e milho em até 80% em algumas áreas, segundo dados do governo.
"A questão principal é o impacto cumulativo dos anos de seca", disse Etienne Labande, vice-diretora em Honduras do Programa Mundial de Alimentos (PMA), uma agência da ONU. Outro fator que poderia gerar uma pressão mais alta nos preços é uma epidemia de fungos da ferrugem que ameaça a existência de plantações inteiras.
"Para os cafeicultores ainda outro problema, uma epidemia de fungo da ferrugem, roya em espanhol, uma doença insidiosa de planta. Cresce rapidamente em climas quentes e secos, destruindo plantações inteiras de café", disse a repórter da PBS, Marcia Biggs.
"Situação especial"
A recuperação nos preços do café ocorre após meses de mínimos históricos, com preços caindo cerca de 40% desde o início de 2017, segundo dados da Nasdaq, e quase 70% desde as altas de 2011, de quase US$ 3 por libra.
“Esta é uma situação especial porque o otimismo não é visto neste mercado há muito tempo. Os vendedores dominam o gráfico do café há muitos anos e todo o mercado dessa matéria-prima foi discutido no contexto de uma crise prolongada”, disse Pawel Grubiak, presidente da Superfund TFI, em comentários ao Business Insider.
Valeria Rodriguez, gerente da Max Havelaar France, disse à AFP que o que ela chamou de crise nos baixos preços do café estava começando a criar ‘problemas estruturais reais’ para os produtores. "As consequências são terríveis", disse ela, acrescentando que muitos produtores não podiam mais se sustentar ou investir na produção.
Pierre Ferrari, CEO da Heifer International, falou em um painel, em 25 de novembro, que os persistentemente baixos preços do café são parcialmente responsáveis ??pela crise na fronteira, uma vez que os agricultores desesperados com preços fora do mercado buscam outras oportunidades de ganhar a vida.
Ele também explicou que os cafeicultores da Guatemala recebem de 62 a 63 centavos de dólar por libra, mas enfrentam custos de produção entre US$ 1,30 e US$ 1,50. Se não conseguem lucro, costumam ir para o norte em busca de trabalho.
O membro do painel, professor William Hernandez Requejo, da Universidade da Califórnia Irvine, disse que melhores condições econômicas cortariam a imigração da Guatemala, El Salvador e Honduras para os Estados Unidos. "Se dermos a esse povo um meio de vida sustentável, eles permanecerão", afirmou Requejo. "Se eles permanecerem, muitas dessas pressões migratórias, seja na fronteira entre Guatemala e México ou na fronteira entre Califórnia e México, diminuem significativamente".
Em seu Relatório do Mercado de Café de outubro de 2019, a OIC previu que a produção mundial de café para a campanha de 2019/2020 diminuiria 0,9%, para 167,4 milhões de sacas.
"A produção da América do Sul deve cair 3,2%, para 78,08 milhões de sacas, devido em grande parte ao declínio na produção de arábica do Brasil em seu período de um ano fora do ciclo bienal das safras", afirmou a OIC. "É provável que o crescimento do consumo mundial de café diminua em 2019/2020, em linha com o crescimento mais lento esperado para a economia global, e a demanda deverá aumentar em 1,5%, para 167,9 milhões de sacas", observou a organização.
Segundo a OIC, o consumo de café cresceu em média 2,1% ao ano na última década. As pessoas bebem cerca de 1,6 bilhão de xícaras de café por dia em todo o mundo, de acordo com a Fairtrade International, e os meios de subsistência, de cerca de 125 milhões de pessoas, dependem dessa mercadoria, que é a segunda mais comercializada no mundo. A indústria de exportação de café vale cerca de US $ 20 bilhões.
As informações são do The Epoch Times / Tradução Juliana Santin