O produtor Geraldo José Costa, de Elói Mendes, no Sul de Minas, aguarda o mês de março para fazer a colheita da soja. Mas a cultura, que vem se expandindo na região, teve um plantio diferente do convencional. No sítio dele, a oleaginosa é cultivada em consórcio com a lavoura de café. Desde o início, esse “casamento”, que começou há seis anos, vem trazendo bons resultados para o agricultor familiar, inspirando outros produtores locais a adotarem o mesmo sistema.
Geraldo possui três pequenas propriedades (Santo Expedito, Córrego das Pedras e Boa Vista), localizadas na comunidade Barra, com 13 hectares de lavoura de café no total. Atualmente, sete hectares dos cafezais também são usados para o cultivo de soja. “Entre uma rua e outra de café, que tem cerca de 3,5 metros, você planta duas ou três linhas de soja, numa distância de cerca de 50 cm uma da outra. Assim, o produtor planta a soja no meio do cafezal, sem inviabilizar a passagem de tratores pela lavoura”, explica o extensionista da Emater-MG, Jesus Messias de Souza.
Renda extra
O cultivo consorciado de café e soja oferece várias vantagens, sendo a principal delas gerar ao produtor mais uma fonte de renda. “A colheita da soja acontece em março, uma época que o cafeicultor já está descapitalizado e ainda precisa arrumar dinheiro para a colheita do café, que é um grande gasto. Então o dinheiro, que entra da venda da soja, vem em muito boa hora”, conta Geraldo.
O agricultor lembra ainda que, no Sul de Minas, a cafeicultura vem sofrendo bastante nos últimos anos com problemas climáticos, como secas e geadas. “A soja é um bom negócio, pois ajuda o produtor a se recompor financeiramente em caso de perdas no cafezal e nas baixas fortes do preço da bebida”, argumenta. Em 2022, Geraldo colheu 200 sacos de soja, comercializados na região por cerca de R$ 180 cada. A expectativa este ano é repetir essa quantidade.
Melhoria do solo
O técnico da Emater-MG também vê benefícios no consórcio para a lavoura de café. “A cultura da soja melhora as condições do solo, disponibilizando nitrogênio para o cafeeiro. Além disso, o produtor reduz os custos com o manejo do mato nas ruas do cafezal, que passa a abrigar a soja”, destaca. A desvantagem, segundo Jesus, é que a colheita exige muita mão de obra. “Já existem equipamentos (de alto custo), mas na comunidade da Barra, a colheita é feita com roçadeira manual e o beneficiamento com batedeira de cereais. A mão de obra é toda familiar e é um serviço pesado”, explica o extensionista. Outro ponto de atenção é evitar o plantio da soja em cafezais adensados, pois a oleaginosa pode abafar o café.
Geraldo é presidente da Associação de Produtores da Comunidade, cujos participantes se reúnem uma vez por mês para trocar experiências. Motivados pelos bons resultados obtidos por Geraldo em 2021, outros 15 produtores resolveram plantar soja consorciada com café. Atualmente, a estimativa é que haja na comunidade, aproximadamente, 50 hectares cultivados no modo consorciado.
As informações são da Emater-MG.