A pandemia de Covid-19 provavelmente causará uma grave crise de produção aos pequenos cafeicultores. O relatório liderado por pesquisadores da Rutgers University, Purdue University, da University of Hawaii, CIRAD, Santa Clara University e University of Exeter explorou os surtos de ferrugem na América na última década, além de outros surtos recentes que podem prejudicar as plantas.
O relatório apresenta ligações entre as más condições socioeconômicas, a subsequente falta de investimento em fazendas de café, o aumento da incidência da ferrugem da folha, a piora das condições para os agricultores e outros atores vulneráveis ??na cadeia do café.
O documento conclui que outras interrupções socioeconômicas causadas pela pandemia de Covid-19 – como impactos na mão de obra e reduções em investimentos sustentáveis ??– provavelmente criarão problemas a longo prazo que ameaçarão os níveis de produção global e podem, em última instância, aumentar os custos para os consumidores.
“Nosso artigo mostra que surtos de ferrugem do café são fenômenos socioeconômicos complexos e que o controle da doença também envolve uma combinação de soluções científicas e sociais”, explicou Kevon Rhiney, professor assistente do Departamento de Geografia da Rutgers, em um comunicado da publicação do artigo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
“Não existe uma 'fórmula mágica' que simplesmente fará com que esse problema desapareça. Lidar com a ferrugem do café envolve mais do que apenas controlar os surtos, envolve também salvaguardar os meios de subsistência dos agricultores, a fim de construir resiliência a choques futuros”, concluiu.
O documento observa que muitos dos esforços existentes no setor cafeeiro para erradicar a ferrugem da folha envolvem o desenvolvimento e a proliferação de variedades resistentes a ela.
A pesquisa aponta a recessão de 2008 como exemplo do que pode acontecer quando o setor se desvincular das necessidades financeiras dos produtores. Ele traça uma linha direta entre a recessão de 2008 e a resultante redução na demanda que levou a preços mais baixos para os cafeicultores, o que foi seguido pelo abandono das propriedades ou redução do investimento em gestão agrícola.
“Portanto, só podemos ter um sistema de café saudável construindo o bem-estar dos mais vulneráveis. É fundamental reconhecer os papéis-chave dos ecossistemas de trabalho e funcionamento saudável na produção e manutenção de lucros. Isso significa desafiar o status quo e as atuais cadeias de valor do café para melhor reconhecer o valor produzido pelos pequenos produtores, ao mesmo tempo que eleva partes essenciais, mas pouco reconhecidas, do processo de produção, como saúde humana, segurança alimentar e sustentabilidade”, afirma o documento.
As informações são do Daily Coffee News / Tradução Juliana Santin