Em 2020, o CaféPoint, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), realizou a Pesquisa Cafeeira da Safra 2020/2021 através de uma pesquisa on-line com produtores de todo o Brasil. O estudo ouviu 321 produtores de nove estados entre 1º de outubro e 19 de dezembro de 2020.
Quanto às espécies cultivadas, 93% das respostas vieram de produtores de café arábica (Coffea arabica) e 7% de produtores de canéfora (Coffea canephora). Juntos, somaram 25.025,17 hectares de café em produção, que representa 1,5% da área com café no Brasil.
Com relação aos estados representados na pesquisa, 76% dos participantes são produtores em Minas Gerais, 10% em São Paulo, 6,2% no Espírito Santo, 3,1% em Rondônia, 2,5% na Bahia, 1,6% no Paraná e 0,9% na soma dos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco e Distrito Federal.
Em relação à irrigação, a pesquisa apontou que, considerando-se as espécies Coffea arabica e Coffea canéfora em conjunto, 83% dos produtores participantes não utilizam irrigação em suas lavouras. Esta baixa adesão às tecnologias de irrigação reflete uma realidade da produção brasileira de café arábica e a maior participação de produtores desta espécie na pesquisa.
Ao analisar a utilização da irrigação apenas para produtores de canéfora (robusta/conilon), 92% dos produtores responderam fazer uso de irrigação. Na produção do café arábica, a prática da irrigação passa a ser superior em propriedades acima de 51 hectares. Em propriedades de 51 a 100 hectares, 19% dos produtores de arábica indicaram o uso de irrigação. Já nas propriedades acima de 250 hectares, este percentual foi de 38% entre os produtores de arábica que utilizam irrigação.
Quanto ao sistema de irrigação mais utilizado, predomina o sistema de irrigação por gotejamento, sendo indicado por 77% dos produtores que fazem uso de irrigação. O sistema de aspersão corresponde a 8% e pivô central, 7%. Outros sistemas não especificados foram indicados por 8% dos produtores.
Colheita
Nas pequenas propriedades, mesmo que em boas condições topográficas, a mecanização da colheita pode ser inviável financeiramente, devido ao alto investimento necessário para compra desses equipamentos. Já para as grandes propriedades, o alto custo com a mão de obra na colheita pode aumentar significativamente os valores de produção, reduzindo as margens do produtor e justificando o investimento em maquinários para colheita. Com isso, os métodos manuais de colheita foram responsáveis por 50% das respostas, uma redução de 25 pontos percentuais em comparação com pesquisa realizada em 2019, em que os métodos de colheita manual corresponderam a 75% nas propriedades participantes.
A derriça manual com ausência de equipamentos foi apontada como a principal forma de colheita por 24% dos produtores participantes, seguida pela colheita manual utilizando-se de derriçadeira (22%) e colheita manual seletiva (4%).
A colheita mecanizada foi apontada como principal método de colheita em 50% das respostas, predominante nas propriedades acima de 25 hectares, representando o principal método de colheita em 59% das propriedades de 26 a 50 hectares. No entanto, mesmo em propriedades menores, o percentual de áreas colhidas mecanicamente ainda foi significativo. Apontaram a colheita mecanizada como o principal método 25% das propriedades entre 6 e 15 hectares e 38% das propriedades em 15 a 25 hectares.
O aumento no percentual de propriedades que adotam a colheita mecanizada foi influenciado pelas regiões com maior participação nas respostas desta edição da Pesquisa Safra Cafeeira. Os municípios mineiros das regiões de Varginha, Lavras e Patrocínio representam 33% do total de respostas e, devido às condições de relevo favoráveis a mecanização, a colheita mecanizada é reconhecidamente o método predominante nestas regiões.
Outro aspecto que tem influenciado o aumento das áreas com colheita mecanizada é a popularização do aluguel de colhedoras em regiões produtoras tradicionais, não havendo a necessidade de que o produtor imobilize capital com a aquisição do equipamento.
Outro fator que pode justificar o maior percentual de colheita mecanizada na safra de 2020 foi o temor dos produtores de que as medidas de distanciamento social, em decorrência da pandemia de Covid-19, pudessem prejudicar o andamento da colheita manual. De acordo com dados divulgados pela Reuters, a venda de colhedoras de café cresceu 30% em 2020 no período que antecede a safra em relação a 2019.
Quanto às tecnologias de pós-colheita e secagem, são condizentes com a tradição brasileira na produção de café natural. O método de pós-colheita natural foi indicado como predominante em 87% das propriedades, cereja descascado correspondeu a 12% e cereja descascado com fermentação em taques a 1% das respostas.