Desenvolvimento de novas tecnologias, estímulo à qualidade dos cafés e capacitação para exportação direta foram temas considerados prioritários por 75% dos cafeicultores que participaram da Pesquisa Cafeeira 2022/2023, realizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Portal CaféPoint. Clique aqui para ler o documento.
A fim de traçar um panorama sobre a cafeicultura do País, a pesquisa ouviu 474 produtores de café arábica e canéfora de dez estados brasileiros (Acre, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo e Tocantins), no período de 1º de outubro a 16 de dezembro de 2022.
De acordo com o levantamento, as condições climáticas prejudicaram o potencial produtivo das lavouras de café na safra 2022/2023. Apesar da bienalidade positiva, na comparação com a média dos últimos quatro anos, apenas 37% dos produtores disseram ter colhido acima da média, enquanto 46,8% responderam que foi dentro da média esperada e 16,2% indicaram ter colhido muito abaixo da média.
O resultado é coerente com as informações divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a safra cafeeira 2022. Segundo a entidade, o clima desfavorável ao desenvolvimento cafeeiro reduziu o volume colhido em 19% em relação à safra de 2020, quando a colheita foi de 63 milhões de sacas.
“Do inverno de 2020 a primavera de 2022, importantes regiões cafeeiras sofreram com estiagem severa, ocorrência de geadas, além de granizo e temporais. Em comparação com a última safra cheia, o impacto no potencial produtivo dos cafés do Brasil corresponde a uma redução de 12 milhões de sacas ofertadas ao mercado global”, destacou a assessora técnica da CNA, Raquel Miranda.
A pesquisa também apontou o perfil fundiário das propriedades dedicadas à cafeicultura. Com base nas respostas obtidas, 80% dos produtores têm propriedades com menos de 25 hectares, confirmando a contribuição das pequenas e médias propriedades para a cadeia produtiva.
Outra vertente do levantamento foi a tecnologia de colheita e pós-colheita. De acordo com os resultados, predominam nas propriedades cafeeiras os métodos de colheita manual (72%) e o processamento de pós-colheita natural (89%). Os dados demostram que existe correlação quanto ao emprego de tecnologias de colheita e o perfil fundiário.
Nas pequenas propriedades, por exemplo, mesmo que em boas condições topográficas, a mecanização da colheita pode ser inviável devido ao alto investimento necessário para a compra desses equipamentos.
Em relação ao uso de tecnologias de produção, a pesquisa questionou os entrevistados sobre o uso da irrigação e quais sistemas utilizados por eles. Considerando os produtores de café canéfora, 81% deles responderam fazer uso de irrigação. Já os que cultivam café arábica, apenas 10% são irrigantes. O sistema de irrigação predominante é o gotejamento, utilizado em 76% das propriedades.
A pesquisa também consultou os produtores quanto à disponibilidade de mão de obra para colheita. Com base nas respostas, 57,6% dos produtores enfrentaram alguma dificuldade na contratação de safristas.
Pesquisa Cafeeira 2022
As respostas foram coletadas por meio de questionário digital e também presencial, durante a Semana Internacional do Café (SIC), que ocorreu nos dias 16 a 18 de novembro de 2022, no Expominas, em Belo Horizonte (MG). Do total respondido, 90% foi de produtores de café arábica e 8% de produtores de café conilon ou robusta, e 2% de produtores que cultivam ambas as espécies.