Peru busca impulsionar setor cafeeiro

Os produtores de café em todo o Peru estão avaliando os custos relativamente altos de replantar árvores velhas ou doentes contra os baixos preços internacionais. Essas forças de mercado estão ameaçando o setor cafeeiro já economicamente delicado do país, de acordo com o último relatório anual do Serviço de Agricultura Estrangeira (FAS), do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

O Peru é um dos exportadores mundiais de café arábica orgânico, com uma estimativa de 90 mil hectares certificados, além de fazendas não certificadas, que em muitos casos seguem práticas orgânicas devido à falta de acesso a fertilizantes químicos, pesticidas e fungicidas.

De acordo com o relatório da FAS, muitas fazendas produtoras de café em todo o Peru não se recuperaram totalmente do surto de ferrugem que atingiu o pico no ano de mercado de 2013/2014, afetando até 50% da produção agrícola total do país.

Embora o Ministério da Agricultura do Peru tenha liderado um ambicioso programa de recuperação e replantio de ferrugem nos anos seguintes, e o governo federal tenha iniciado uma iniciativa de comercialização abrangente para o café, o total de terras cultivadas no país é estimado em 390 mil hectares em 2019, um aumento insignificante em relação ao ano passado. O relatório estima ainda que os volumes de produção em todo o território peruano e os volumes de exportação sofrerão ligeiros aumentos em relação aos níveis de 2018.

No entanto, embora a produção nacional e as exportações possam fornecer uma perspectiva um pouco positiva, os baixos preços internacionais do café continuam sendo uma ameaça aos produtores mais vulneráveis ao risco, particularmente àqueles que não fazem parte de redes cooperativas maiores, que podem fornecer acesso à micro empréstimos com taxas razoáveis, bem como acesso ao mercado.

“Os produtores de café orgânico são os mais afetados”, afirma o relatório da FAS. “Campos orgânicos produzem 12 a 15 sacas de 100 libras por hectare, em comparação com 45 a 50 sacas de 100 libras por hectare de campos convencionais. O prêmio pago pelo café orgânico, não mais que US$ 40 por saca de 100 libras, não compensa a baixa produtividade. Além disso, os produtores orgânicos têm que enfrentar a destruição total de seus campos, uma vez que os fungicidas não podem ser usados para controlar a ferrugem. Os produtores orgânicos do Peru são na maioria pobres agricultores de subsistência de pequena escala”.

Fontes disseram à FAS que no Peru, em média, o custo é de aproximadamente US $ 3.000 para substituir um hectare de cafezais, enquanto o custo de manutenção anual é de cerca de US $ 1.200, dos quais aproximadamente 50% são pagos aos trabalhadores pela colheita. Enquanto isso, os preços continuaram a cair.

A FAS estima que os preços de exportação do café peruano no ano civil de 2018 foram de US$ 2.609 por tonelada, representando uma redução de 10% em relação ao ano anterior e uma queda de 35% em relação aos preços de exportação em 2014. Até o momento, os preços do mercado global de futuros de café - ou do mercado C - estavam sendo negociados em mínimos de 13 anos, com os futuros de julho pouco acima de 91 centavos de dólar por libra-peso.

A organização de apoio à agricultura cafeeira do Peru, a Junta Nacional do Café (JNC), alertou que os contínuos preços baixos estão fazendo com que os cafeicultores peruanos abandonem suas fazendas para se juntarem a operações ilícitas de cultivo de coca.

“A maioria dos produtores de café do Peru são pequenos agricultores. Esses produtores cultivam café em terrenos com uma média de três hectares”, afirmou a FAS em seu relatório. “O mau acesso a lugares de crédito limita muitos os pequenos produtores de café. Os bancos privados do Peru supostamente se recusam a aceitar terras sem títulos como garantia de empréstimo, forçando a maioria dos produtores a obter crédito tanto de compradores de café quanto de credores informais. Como resultado, os pequenos produtores estão sobrecarregados com contratos de venda a preço fixo e/ou altas taxas de juros de reembolso”.

As informações são do https://dailycoffeenews.com. Tradução Juliana Santin