A 130ª sessão do Conselho da Organização Internacional do Café (OIC) aconteceu na última semana e o Conselho Nacional do Café (CNC) esteve presente. Atualmente dirigida pelo brasileiro José Sette, a OIC é a principal organização intergovernamental do setor, reunindo governos exportadores e importadores para enfrentar os desafios da cafeicultura mundial por meio da cooperação internacional. Os governos membros representam 98% da produção mundial de café e 67% do consumo mundial.
As atividades foram intensas entre os dias 1 e 10 de setembro, entre elas: encontro CEO e fórum dos líderes globais; atividade do grupo de trabalho para o futuro do Acordo Internacional do Café; reunião para nova composição de membros do Comitê de Finanças e Estatística; encontro da junta consultiva do setor privado e reunião para nova composição dos Comitês de Estatística, Projetos e Promoção/Marketing.
Dentre várias definições importantes que impactam diretamente a instituição, algumas delas têm relação direta com o Brasil. Além da aceitação da candidatura da brasileira Vanusia Nogueira à Diretoria-Executiva da OIC, outra aprovação de destaque foi a extensão por dois anos do Acordo Internacional do Café (AIC). O acordo entrou em vigor em 2 de fevereiro de 2011 e chegaria ao fim em 2022, porém, em consenso, decidiu-se pela dilação do prazo. O AIC é um importante instrumento de cooperação para o desenvolvimento mundial do café.
Os trabalhos da Força-Tarefa acreditam ser o melhor local para direcionar e resolver fraquezas estruturais do setor. A Força Tarefa Público Privada do Café foi criada para incluir o setor privado na discussão e na formulação de soluções para aprimorar a condição de vida dos cafeicultores. É uma consequência da Resolução 465 da OIC, que trata da crise de preços do café. O Conselho Nacional do Café participou ativamente da redação desta resolução, em 2018, e um dos mandatos conferidos à Organização foi a inclusão de torrefadoras, traders e demais atores do setor privado na discussão sobre a falta de renda no campo, de forma a compartilhar responsabilidades com todos os segmentos da cadeia produtiva sobre a sustentabilidade.
O CNC, em conjunto com as demais entidades que compõem a representação do setor privado no CDPC, tem acompanhado e enviado subsídios para os trabalhos da Força Tarefa. “Um dos últimos documentos elaborados pelas entidades, que foi muito bem recebido pelos parceiros internacionais, destaca as ações, projetos, governança e instrumentos de política cafeeira que tornam os cafés do Brasil os mais sustentáveis do mundo”, conta Silas Brasileiro, presidente do Conselho.
Outras pautas relevantes foram as mudanças na composição dos Comitês, havendo uma rotatividade entre os países que atuam nas ações técnicas. O Brasil faz parte de praticamente todos os comitês, sendo um dos países mais atuantes da OIC. Além do Brasil, os países que mais se manifestaram e se dispuseram a participar foram Colômbia, Índia, México, Nicarágua, Indonésia e Honduras.
Após a definição dos membros dos comitês, Juan Esteban Orduz, representante colombiano, sugeriu um encontro da OIC na Colômbia, na primavera de 2023. “A ideia é ter um evento dinâmico entre países produtores/exportadores”, sugeriu. José Sette, diretor-executivo da OIC, comentou também sobre a entrada da Nigéria como membro da OIC.
O presidente do CNC, Silas Brasileiro, acompanhou de perto as atividades e destacou o papel fundamental do Brasil nas discussões da organização. “O Brasil é um dos protagonistas na OIC, por ser o maior produtor mundial e o segundo maior consumidor. A organização tem sido fundamental para as relações internacionais, para que nosso café seja sempre sustentável ambiental, social e economicamente, de ponta a ponta”.
Organização Internacional do Café
A OIC foi estabelecida em Londres em 1963, devido à grande importância econômica do café, sua missão é fortalecer o setor cafeeiro global e promover sua expansão sustentável num clima de mercado para a melhoria de todos os participantes do setor cafeeiro. Oferece uma contribuição prática para o desenvolvimento de um setor cafeeiro mundial sustentável e para a redução da pobreza nos países em desenvolvimento ao:
- Permitir que governos e o setor privado troquem opiniões sobre questões cafeeiras, condições e tendências do mercado e coordenem políticas em reuniões de alto nível;
- Desenvolvimento e busca de financiamento para projetos que beneficiam a economia cafeeira mundial;
- Promoção da qualidade do café por meio de um Programa de Melhoria da Qualidade do Café;
- Promover a transparência do mercado, fornecendo uma ampla gama de estatísticas sobre o setor cafeeiro mundial;
- Desenvolvimento do consumo e dos mercados de café por meio de atividades inovadoras de desenvolvimento de mercado;
- Incentivar o desenvolvimento de estratégias para aumentar a capacidade das comunidades locais e dos pequenos agricultores;
- Promoção de programas de treinamento e informação para auxiliar na transferência de tecnologia relevante para o café;
- Facilitar informações sobre ferramentas e serviços financeiros para auxiliar os produtores;
- Fornecimento de informações econômicas, técnicas e científicas objetivas e abrangentes sobre o setor cafeeiro mundial.
As informações são do CNC.