A Organização Internacional do Café (OIC) lançou a segunda edição de sua publicação econômica Series Coffee Break Series, intitulada “Preços Voláteis do Café: Covid-19 e Fundamentos do Mercado”.
A pandemia da covid-19 é uma dramática crise de saúde pública com impactos significativos nas economias do mundo todo. A OIC aponta que essa série se concentra nos efeitos colaterais da oferta e da demanda na volatilidade dos preços do café.
O novo coronavírus representa um choque conjunto sem precedentes de oferta e demanda para o setor cafeeiro global, constituindo um enorme desafio para cafeicultores, trabalhadores rurais, cadeias de suprimentos domésticas e comércio internacional.
Os vários impactos de oferta e demanda serão sentidos em momentos diferentes, contribuindo ainda mais para as incertezas do mercado global e a contínua volatilidade dos preços, afirma a OIC.
Esta publicação é o primeiro trabalho conjunto com o Instituto Internacional de Pesquisa em Políticas Alimentares, sob uma nova colaboração que visa alavancar dados estatísticos da OIC e capacidade analítica interna de pesquisa econômica com recomendações para os formuladores de políticas.
Impacto da covid-19 nos preços do café
No início de 2020, o relatório afirma que os preços mais altos e mais voláteis do café pareciam resultar de perspectivas ruins de colheita em alguns países produtores - como o mau tempo no Brasil - em um momento em que os estoques estavam baixos sazonalmente. A covid-19 parece estar mantendo e exacerbando essas flutuações de preços - especialmente para os cafés arábicas - do lado da oferta e da demanda.
Desde que o surto da pandemia foi declarado global pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em meados de março, o vírus se espalhou para praticamente todos os países exportadores e importadores de café. Embora a pandemia provavelmente afete todos os estágios da cadeia de valor do café em maior ou menor grau, os impactos específicos nos mercados regionais e locais serão sentidos em diferentes momentos.
A OIC afirma que os efeitos gerais dependerão, em última análise, da interação entre múltiplos fatores de oferta e demanda, como os atores do mercado os antecipam e respondem a eles e a capacidade de cada país detectar e conter o vírus enquanto se move para a estação da colheita, quando a demanda de trabalho atinge o pico.
Principais fatores que impulsionam a volatilidade dos preços do café
No lado da oferta, a OIC observa impactos em graus variados na cadeia de valor, incluindo remessas internacionais e desvalorizações na moeda local. Os impactos provavelmente ocorrerão principalmente quando mais países entrarem na nova safra.
Em termos de demanda, o mercado de café registrou um aumento nas primeiras semanas da crise. No entanto, isso foi impulsionado principalmente pelas vendas nos supermercados, resultante da compra e do estoque de pânico e da substituição do consumo fora de casa pelo consumo interno, em virtude de medidas de distanciamento social. Nos próximos meses, com previsões de crescimento negativo em todo o mundo para 2020, uma recessão global iminente poderá impactar o consumo geral de café. No entanto, a OIC aponta que a demanda por itens alimentares como café tende a ser relativamente inelástica, e os efeitos colaterais da demanda provavelmente se materializarão com um atraso de tempo, dependendo do nível de poupança das famílias e redes de segurança social.
No futuro, o relatório sugere possíveis ações para os governantes como:
- Estabelecer respostas de emergência para mitigar o impacto da pandemia e apoiar países com menor capacidade institucional.
- Facilitar a recuperação e promover a sustentabilidade a longo prazo. Isso inclui apoiar vínculos vitais ao longo da cadeia de valor e aumentar a resiliência a choques externos, como mercado, clima e pandemias.
- Apoiar a demanda por café. Uma redução temporária dos impostos sobre o café pode ajudar a reduzir os preços para o consumidor e diminuir a renda das famílias parcialmente compensadas devido à recessão iminente e apoiar a demanda doméstica e externa de café nos principais países consumidores.
O relatório completo pode ser acessado aqui.
As informações são da OIC / Tradução Juliana Santin