As abelhas e outros polinizadores desempenham um papel descomunal no suprimento mundial de alimentos, mas muitas vezes considerou-se que seu efeito sobre a produção de café era insignificante.
Uma nova pesquisa demonstra que a polinização por abelhas pode resultar entre 10 a 20% de "efeito de polinização" no café. Mais do que isso, os projetos de abelhas podem contribuir para melhorar os meios de subsistência para os cafeicultores e suas famílias.
Segundo Janice Nadworny, codiretora do Food 4 Famers, no caso do café, elas não apenas contribuem para melhorar os meios de subsistência, mas também têm o impacto adicional de melhorar a qualidade do grão. “É do conhecimento comum que as abelhas estão em perigo em todo o mundo, e é por isso que essa pesquisa é tão importante. Todos os dias aprendemos mais sobre como as abelhas e outros polinizadores são atores indispensáveis na produção de alimentos”, disse.
Pesquisadores têm trabalhado para entender a contribuição das abelhas para a produção de café por décadas. No Panamá, o pesquisador da Smithsonian, Dave Roubik, descobriu que as abelhas contribuíam com 25% da produção. Já na Indonésia, uma equipe liderada pela agroecologista Alexandra-Maria Klein estimou a contribuição das abelhas em 12%.
Embora os arbustos de café forneçam poucos locais de nidificação e alimento para as abelhas, a diversidade e a abundância desses insetos dependem da presença de árvores dentro ou ao redor da fazenda de café, demonstrando um benefício adicional do café cultivado à sombra.
A floresta que circunda uma fazenda de café pode contribuir para o aumento da produtividade de 20%, ao mesmo tempo em que reduz o consumo de peaberries (onde a cereja produz um único grão em vez dos dois normais) em 27%.
Em países como o México e a Guatemala, onde o café cultivado sombreado e as fazendas ricas e diversificadas adjacentes às florestas são comuns, os agroecossistemas cafeeiros possuem o dobro da riqueza das abelhas, resultando em frutos 20% maiores do que o café comum no Brasil e na Costa Rica.
A Food4Farmers, que ajuda famílias produtoras de café a combater a fome sazonal, apoia projetos de apicultura no México e na Guatemala, com outras comunidades na América Latina esperando para participar. Os projetos de apicultura foram inicialmente introduzidos para diversificar a renda e fortalecer a segurança alimentar, mas novas pesquisas apontam para uma melhor renda do café também.
Em Chiapas, onde a Food4Farmers faz parceria com a cooperativa de café Cesmach, em um projeto de apicultura comercial, os membros da cooperativa estão começando a entender a relação mutuamente benéfica entre a apicultura e a cafeicultura.
Dado o "efeito de polinização" de 10 a 20%, estima-se que o serviço de abelhas em agroecossistemas de café poderia valer de US$ 9 milhões a US$ 18 milhões somente no estado de Chiapas; US$ 22 milhões a US$ 44 milhões no México; e US$ 180 milhões a US$ 360 milhões em todo o mundo.
A Food4Farmers está agora levantando fundos para conduzir pesquisas em Chiapas com a Ecosur, colegas do Instituto Gund da Universidade de Vermont e CESMACH, para determinar o grau e a interdependência das relações entre as abelhas e o café. "Quanto melhor entendermos a relação entre o café e a diversidade e a abundância das abelhas, mais poderemos melhorar os meios de subsistência e as paisagens", disse Marcela Pino, codiretora do Food4Farmers.
“Nosso objetivo final é equipar os agricultores para melhorar a estabilidade e a confiabilidade da produção de café com árvores de sombra que podem suportar melhor as diversas populações de polinizadores.”
As informações são do https://gcrmag.com / Tradução Juliana Santin