Por Gabriela Kaneto
A região das Montanhas do Espírito Santo finalmente conquistou o selo de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem para café. O registro foi concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e divulgado nesta terça-feira (4). O pedido foi solicitado em dezembro de 2019 pela Associação de Produtores de Cafés Especiais das Montanhas do Espírito Santo (Acemes).
Para Rodrigo Dias, presidente da Acemes, toda a cadeia produtiva dos cafés especiais das Montanhas do Espírito Santo é impactada positivamente com a conquista: "Ganha o cafeicultor, com maior agregação de valor, proteção, reconhecimento e valorização do produto. Ganha a região, com mais geração de emprego e maior visibilidade do agroturismo entorno o café. Ganha o consumidor, que vai consumir um produto com garantia de origem controlada e qualidade".
Ele destaca que os cafés certificados com selo da Indicação Geográfica são grãos especiais acima de 80 pontos, produzidos de acordo com as normas do caderno de especificações técnicas que regem todo o processo produtivo, do campo à xícara.
A nova D.O. é válida para os grãos arábica verdes (crus), torrados e/ou moídos cultivados em 16 municípios: Afonso Claudio, Alfredo Chaves, Brejetuba, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Iconha, Itaguaçu, Itarana, Marechal Floriano, Rio Novo do Sul, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Santa Leopoldina, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante.
O que é Denominação de Origem?
É um nome geográfico que designa produtos cujas qualidades ou características se devam exclusivamente ou essencialmente a determinada região, ou seja, um produto só é daquele jeito por causa do local em que foi produzido, levando em consideração o meio geográfico e os fatores naturais e humanos. Desse modo, ele não pode ser produzido em nenhum outro lugar.
“Com base na documentação anexada, foram apresentados os fatores naturais e humanos do meio geográfico que influenciam as características sensoriais do café produzido nas Montanhas do Espírito Santo. Como fatores naturais destacam-se altitudes que variam de 500 a 1.400 m, temperatura média anual de 18 a 22ºC e pluviosidade média anual entre 1.000 e 1.600 mm. Os fatores humanos incluem plantio e colheita do café de base predominantemente artesanal, e herança familiar e cultural diversa”, detalha o documento divulgado pelo INPI.
Com a conquista das Montanhas do Espírito Santo, o Brasil passa a ter quatro Denominações de Origem para café arábica. A primeira região a obter o selo foi o Cerrado Mineiro em 2013, seguida pela Mantiqueira de Minas, que adquiriu em junho de 2020, e pelo Caparaó, que recebeu em fevereiro de 2021.
Já em relação às D.O. para o café canéfora, a região das Matas de Rondônia, berço dos robustas amazônicos, está na fase final do processo, que pode ser encerrado ainda este ano. Rondônia é o segundo maior estado que mais produz a espécie, ficando atrás apenas do Espírito Santo.