A cooperativa Minasul destaca que as perdas na próxima safra de café após as geadas podem chegar a 30%. Uma semana depois da passagem da frente fria que assustou todo o setor cafeeiro, produtores seguem acompanhando as condições das lavouras e se preocupam, neste momento, com o risco de uma nova frente fria que deve chegar nesta quarta-feira (28).
Segundo José Marcos Rafael Magalhães, presidente da Minasul, nos próximos 15 dias o cenário ficará mais claro, mas a permanência de temperaturas baixas nas lavouras continua prejudicando a produção do ano que vem. "A lavoura que foi queimada é perdida, não tem jeito, mas essa friagem continua prejudicando a formação dos botões e a situação é bastante delicada", comenta.
José Marcos relembra ainda que o potencial da safra do ano que vem começou a ser comprometida no primeiro trimestre deste ano, consequência da seca prolongada no parque cafeeiro. "Antes a gente já tinha esse problema, expectativa mais baixa por conta da seca, o frio só aumentou as preocupações”, explica.
O produtor ainda não se recuperou do último frio e as atenções continuam voltadas ao clima. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), uma massa de ar frio ainda mais intensa entra no País nesta terça-feira (27) e deve provocar a queda nas temperaturas em boa parte do território, com alerta para risco de geada para o Centro-Sul do Brasil, incluindo áreas do parque cafeeiro em São Paulo e sul de Minas Gerais. "Se o frio se confirmar com essa intensidade toda, pode acontecer um desastre na produção do ano que vem", afirma o presidente da cooperativa.
Há 27 anos o Brasil não registrava uma geada tão intensa no parque cafeeiro. O presidente comenta, no entanto, que apesar do evento climático ter sido muito semelhante, as condições deste ano são mais preocupantes para o setor. "A consequência desse ano é pior porque pegou no ano de safra baixa, então o cafezal estava carregado para o ano que vem. Todo mundo estava preparado para uma safra cheia ano que vem", acrescenta.
Diante das incertezas com o tamanho da safra do ano que vem, José Marcos destaca que o foco da cooperativa neste momento é cumprir com os negócios fechados anteriormente, principalmente para manter a boa reputação do Brasil com o mercado externo.
Em relação às altas dos últimos dias, com avanço de mais de 25% nos preços na Bolsa de Nova York (ICE Future US), a cooperativa também afirma que poucos negócios são fechados. Os dados da Minasul mostram ainda que, em um ano de condição climática dentro da normalidade, o produtor costuma travar cerca de 30% da safra.
"Considerando a seca e a geada, nós diminuímos bastante o ritmo de negócios e hoje as travas ficam bem abaixo de 20%. Nós temos três fases importantes para definir a safra do ano que vem, a florada, o pegamento da florada e o enchimento de grãos. Até lá o mercado deve seguir observando essa cautela", finaliza.
De acordo com informações divulgadas pela Embrapa Café e pela Epamig, em um cenário otimista, antes das geadas de julho de 2021, havia a expectativa de que a safra de 2022 fosse 10% superior à de 2020 (a safra 2020 foi 2,3% maior que a de 2018), com uma produção de 68 milhões de sacas totais, sendo 54 milhões de café arábica.
"Independentemente da quantidade de café perdido para 2022, tem-se que ter em mente que a recuperação da capacidade produtiva brasileira nas regiões afetadas pela geada terá início somente a partir de 2024 e deve se estabilizar em 2025 ou 2026. Isso dependerá da quantidade de lavouras em formação que precisará ser substituída e da taxa de renovação, uma vez que as mudas disponíveis para esse ano já possuem destino e muitas delas foram afetadas irrecuperavelmente pela geada", afirma a publicação.
As informações são do Notícias Agrícolas.