Por Natália Camoleze
O Cup of Excellence busca definir o melhor café do Brasil e desde o dia 15 de outubro, 29 juízes de dez países avaliam 77 amostras de café arábica, 37 do tipo cereja descascado/despolpado (preparados por via úmida) e 40 do natural (colhidos e secos com casca). Para a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) o objetivo do concurso é contribuir para a capacitação de produtores e demais segmentos da cadeia produtiva dos cafés especiais.
Essas avaliações estão sendo feitas em Guaxupé (MG). Na categoria Naturals, a origem produtora que mais se destacou foi a Indicação de Procedência da Mantiqueira de Minas Gerais, com 15 cafés entre os finalistas, ou 37,5% do total. Na sequência, vem a Denominação de Origem do Cerrado Mineiro, com 10 lotes (25%); Sul de Minas, com sete (17,5%); Matas de Minas e Chapada Diamantina (BA), com três amostras cada (7,5%); e as regiões de São Paulo da Média Mogiana e da Indicação de Procedência da Alta Mogiana Paulista, com um lote cada (2,5%).
A categoria Pulped Naturals conta com 37 finalistas, tendo a origem produtora da Chapada Diamantina encabeçando a lista com 17 representantes, o que corresponde a 46% do total. A Indicação de Procedência da Mantiqueira de Minas Gerais veio na sequência, com 10 cafés (27%), seguida pelas regiões das Matas de Minas, com quatro lotes (10,8%); do Sul de Minas, com duas amostras (5,4%); e da Denominação de Origem do Cerrado Mineiro, das Montanhas do Espírito Santo, da Chapada de Minas e do Planalto de Vitória da Conquista (BA), cada uma classificando um café (2,7%).
A diretora executiva da BSCA, Vanusia Nogueira, explicou para nossa equipe sobre o processo do concurso:
O Cup of Excellence é dividido em algumas etapas: primeiro o produtor de café arábica envia seu café nas categorias via úmida e seca. A triagem é feita na BSCA por juízes nacionais, que passaram por uma prova e são considerados aptos para a avaliação. Os cafés são avaliados por notas no esquema de atributos que vão de 0 a 100. Cafés acima de 80 pontos são considerados especiais, para esse concurso a nota mínima foi de 86. Foram mais de mil amostras recebidas, onde foram selecionadas 150 em cada categoria.
A BSCA divulga a lista desses 300 que passaram nessa fase e eles devem enviar 30 quilos das amostras para os armazéns credenciados. Em cima dessas amostras são feitas duas etapas na fase nacional. O objetivo é chegar a no máximo 90 cafés de cada categoria e depois 40 amostras de cada, que vão para a fase internacional. De 15 a 17/10, os juízes estavam provando os 37 selecionados da categoria natural, assim a peneira foi afinando e hoje (18/10) definiram os dez melhores cafés. Agora os juízes passaram a provar os cafés de via úmida.
Vanusia acredita na ideia de educar o consumo dos brasileiros para um café especial, apresentando o que é um bom café, que vai ser fantástico quente, morno ou frio.
Para o juiz Darrin Daniel, diretor executivo da Alliance for Coffee Excellence, os cafés provados nesta semana poderão definir tendências mundiais. Já a brasileira Alda Maria, que atualmente mora em Londres, julgar requer muito cuidado. “Não é só uma amostra de café que está ali, é uma vida, uma família que dedicou um ano na produção desse café, por isso, temos que ter o dedicação e atenção para chegar na pontuação exata que a família merece”, comenta.
O tetracampeão nacional de Cup Tasters e juiz desta edição do Cup, Edimilson Generoso , diz que é um privilégio estar representando os juízes nacionais. “Trabalhamos como garimpeiro para apresentar para os juízes internacionais os melhores cafés do ranking”, completa.
No domingo serão anunciados os vencedores, que participarão do leilão em novembro, organizado pela ACE (Alliance for Coffee Excellence) com apoio da BSCA. No evento, os cafés são disputados pelos principais compradores do mundo e chegam a valores substanciais, como os R$ 55 mil por saca do campeão da categoria Pulped Naturals em 2017.